Sicredi Ouro Verde MT

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Raízes Ouro Verde | Ep. 31
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Raízes Ouro Verde | Ep. 31

Katiuscy Arantes e Jean Peliciari

Neste episódio do podcast Raízes Ouro Verde, recebemos Katiuscy Arantes, Gerente de Cooperativismo e Sustentabilidade da Sicredi Ouro Verde, e Jean Peliciari, Diretor da Teoria Verde e consultor Lixo Zero. O papo foi sobre sustentabilidade, explorando suas diversas facetas e as iniciativas da cooperativa.

Katiuscy e Jean compartilharam suas jornadas e definem sustentabilidade como um equilíbrio essencial entre as necessidades atuais e futuras, abrangendo aspectos ambientais, sociais e econômicos. O conceito de Lixo Zero, com destaque à importância da correta separação e encaminhamento de resíduos para mitigar impactos ambientais, também foi debatido.

As ações da Sicredi Ouro Verde foram lembradas. Incluindo, o comitê de sustentabilidade, o programa Sustenta Sicredi (Lixo Zero), investimentos em energia solar, o Fundo Social, e programas de educação, cooperativismo escolar, educação financeira e apoio ao empreendedorismo feminino.

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Raízes Ouro Verde | Ep. 31
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BRUNO MOTTA: Oi, pessoal, bem-vindos ao trigésimo primeiro episódio do podcast Raízes Ouro Verde. Muito bom ter vocês aqui com a gente em mais um momento de histórias. Mais uma história que nós vamos contar aqui nesse nosso conteúdo especial que celebra os 35 anos da nossa cooperativa. Antes da nossa pauta do dia, do nosso assunto do dia, aquele recado importante para vocês lembrarem onde podem acompanhar os episódios: nas principais plataformas de podcast, no nosso canal oficial no YouTube e também no site sicredioroverde35anos.com.br. Todos os 30 episódios passados estão disponíveis, podem ser assistidos quando e onde quiserem, e os próximos, estamos quase chegando ali no final, quase no trigésimo quinto, também estarão disponíveis por lá.

CAMILA CARPENEDO: É isso mesmo, gente! Já passamos de 30 episódios e, como você que nos acompanha já sabe, essa temporada do Raízes Ouro Verde nós vamos chegar a 35 episódios para celebrar os 35 anos da Sicredi Ouro Verde. E hoje o tema é um tema que é uma das, mais uma das nossas, dos assuntos importantes, uma prioridade estratégica aqui também para a nossa cooperativa Sicredi Ouro Verde. O tema de hoje é sustentabilidade.

BRUNO MOTTA: E aí nós recebemos aqui no nosso estúdio do Raízes Ouro Verde, aqui na sede administrativa da Sicredi Ouro Verde, dois convidados para tratar desse tema. E aí eu vou apresentar eles para vocês. Então, Jean Peliciari, é isso, o diretor do Teoria Verde. Seja bem-vindo, Jean, e Katiuscy Arantes, gerente de Sustentabilidade e Cooperativismo aqui da cooperativa. Sejam muito bem-vindos aqui ao nosso estúdio. Obrigado.

CAMILA CARPENEDO: Que honra! Estamos muito felizes de estar aqui hoje. Duas pessoas que sabem muito bem do que vamos falar hoje.

BRUNO MOTTA: Só que antes disso, vamos deixar aquele momento para vocês se apresentarem. A gente sempre começa trazendo justamente a temática do podcast, que são as raízes dos nossos convidados. Então, as raízes da Katiuscy, as raízes do Jean, a vida pessoal, a vida profissional, como chegaram na atuação que têm hoje. Então, antes da nossa pauta, por favor, se apresentem para a gente.

KATIUSCY ARANTES: Bom, então, eu… as minhas raízes. Nasci lá no Mato Grosso do Sul, em Campo Grande. Meus pais vieram para o Mato Grosso realmente para desbravar e nunca mais voltamos. Foi uma terra que nos acolheu e aqui ficamos. A minha chegada até aqui, ela tem uma certa curiosidade, porque eu trabalhei por 10 anos em uma instituição financeira tradicional e sempre gostei muito do que eu fazia. Mas, há 12 anos atrás, eu conheci o cooperativismo e aí eu descobri que eu gostava do que eu fazia. Mas no cooperativismo eu amo o que eu faço. Amo o poder de transformação que o cooperativismo tem. E aí, nessa trajetória, me casei, sou esposa do Júnior, mãe do Miguel. Me mudei para Lucas do Rio Verde já há oito anos. Uma cidade também que escolhi para ser realmente a minha casa. Aqui a gente criou raízes. E, ao conhecer o cooperativismo, sempre trabalhei com gestão de pessoas e fui convidada, então, para atuar em 2022 na área de Cooperativismo e Sustentabilidade, que foi algo assim muito novo para mim. Mas, ao mesmo tempo, muito gratificante, porque eu realmente pude, então, conhecer mais e atuar de fato em uma área que tem essa gestão de todos os programas de desenvolvimento da nossa comunidade, dos nossos associados, que olha para todos esses critérios ESG que a gente vai falar um pouco hoje e o principal que leva o nosso modelo, a nossa essência, o nosso diferencial todos os dias e de diversas formas. A gente brinca na área, a gente fala que a gente não trabalha, a gente vive o nosso propósito. Então, creio que chegar até aqui, poder hoje também compartilhar um pouco sobre essa vivência, é um presente.

CAMILA CARPENEDO: Obrigada, Katiuscy. Muito legal. Você, a área de Cooperativismo e Sustentabilidade, a gente pode dizer que é a que está mais próxima efetivamente de todo esse impacto e essa transformação que você falou que fez você se apaixonar pela cooperativa.

JEAN PELICIARI: Bom, eu sou natural de Franca, interior de São Paulo, mas já estou há 30 anos em Mato Grosso. Então, vim com os meus pais, moleque ainda, para Cuiabá, cidade de Cuiabá. Em Cuiabá nos estabelecemos, estudei. A minha primeira formação foi em Publicidade e Propaganda. Então, comecei na área da comunicação, trabalhei muitos anos em agências de publicidade e, em determinado momento, em 2015, na verdade, eu comecei a me incomodar com o lixo no chão da cidade de Cuiabá. Esse foi o primeiro momento que eu me vi preocupado com o meio ambiente, porque até então estava tudo tranquilo, não tem impacto nenhum no planeta, mas eu comecei a ficar impactado com o lixo no chão da cidade de Cuiabá e, pior, o lixo que estava indo para o Pantanal. Então, a gente via as matérias no jornal mostrando as toneladas de lixo chegando às baías do Pantanal e aí começamos um movimento de ações de limpeza voluntária. Então, a gente começou a mobilizar a população para catar lixo no chão da cidade de Cuiabá. Então, ia para parques, margens do rio Cuiabá, praças. Enfim, esse foi o nosso início. Então, preocupados com o problema final, que é o lixo já no meio ambiente, impactando e degradando o nosso meio ambiente. Em 2018 eu conheci o movimento Lixo Zero, o Instituto Lixo Zero Brasil, que tem sede em Florianópolis, e aí tudo mudou. Por quê? Porque eu vi que a gente estava muito mais preocupado com o problema final, que é o lixo já lá no Pantanal. Mas, peraí, quando a gente está com o lixo na mão e aí a gente descobre que não é lixo, é um resíduo e que, se ele for melhor encaminhado, ele vai diminuir os impactos ambientais. E tudo mudou quando eu conheci o Instituto Lixo Zero Brasil e a gente deu esse passo para trás, não andando para trás, mas esse passo para olhar o problema de forma maior. Onde que nós estamos aqui, que a nossa cidade tem? Então, na época, nós ainda tínhamos lixão numa capital, uma das últimas capitais que ainda tinham lixão, sem ecoponto, sem coleta seletiva, sem educação ambiental nas escolas. Eu falei: não, peraí, a gente… aí eu utilizei toda a minha experiência na área da comunicação para desenvolver esse projeto na área de educação ambiental junto com o Instituto Lixo Zero Brasil. Então, aí eu me formei em Gestão Ambiental, me tornei um consultor Lixo Zero e hoje nós temos mais de 20 instituições trabalhando essa metodologia. Vamos falar um pouco mais na frente aqui, mas 47 escolas trabalhando a metodologia Lixo Zero em Mato Grosso. E foi isso. Então, vim de São Paulo, me estabeleci em Cuiabá, publicitário, e agora me vi totalmente na área ambiental.

BRUNO MOTTA: Que legal! Já deu para entender, né, gente? Então, quem está nos assistindo, que o tema de hoje é sobre principalmente essas nossas iniciativas de sustentabilidade e o quanto isso vai fazer diferença, já faz e vai ainda mais fazer diferença nessa sociedade que a gente está construindo. Mas antes, acho que a gente podia voltar, então, um passinho, explicar para quem está nos ouvindo, nos assistindo, quando a gente fala de sustentabilidade, vamos tentar explicar de uma forma simples o que é sustentabilidade, quando a gente tenta conceituar isso.

KATIUSCY ARANTES: E acho que esse é um grande desafio, porque sustentabilidade ela tem alguns estereótipos. Vamos falar só de ambiental. Vamos olhar para questões como o Jean já falou que as pessoas acham que não tem nada a ver com elas. E, na verdade, sustentabilidade, para resumir assim uma frase, é nós que estamos aqui hoje podermos saciar as nossas necessidades sem que isso comprometa a possibilidade das futuras gerações conseguirem alcançar as suas necessidades. Resumidamente, é um equilíbrio e esse equilíbrio ele passa por como usamos os recursos naturais, como temos o desenvolvimento econômico, como olhamos para a sociedade. Então, é o que muitas pessoas trazem: olhar hoje para que tenha o amanhã, porque se não fizermos isso, não teremos o amanhã. E muitas pessoas acham que isso vai bater só no ambiental, vai ser só olhando a questão ambiental. Mas não é. É muito mais amplo que isso. Então, cada atitude nossa hoje, a nossa, leia-se eu como indivíduo, eu como empresa, eu como poder público, enfim, ela vai ter uma repercussão lá no futuro. Então, acho que é muito… sustentabilidade é muito a gente parar e pensar nas consequências do que a gente faz hoje, das decisões que a gente faz hoje e que sim, pode ser desde uma decisão, vamos dizer, simples, como o que eu faço com o resíduo que está aqui na minha mão, fui eu que comprei, eu que gerei. Como, por exemplo, como eu consigo gerar inclusão, diversidade, como eu consigo trabalhar a ética, transparência, como eu gero um desenvolvimento econômico que não represente lá na frente talvez um ganha-perde. Então, é esse olhar de equilíbrio.

JEAN PELICIARI: O Lixo Zero é a sustentabilidade? É acima do Lixo Zero? Lixo Zero é um braço da sustentabilidade. Mas como que o Lixo Zero está inserido, como a gente fala de sustentabilidade falando sobre o Lixo Zero? Então, nessa parte ambiental, envolvendo o tema Lixo Zero, quais são os nossos impactos, então, com geração de resíduos ou a não geração de resíduos, o mau encaminhamento desses resíduos? Porque se você vai enterrar um resíduo que poderia ser reciclado, você tem que ir lá no meio ambiente retirar novamente um recurso natural para fazer novamente essa embalagem. Então, a parte ambiental é muito importante no que diz respeito ao Lixo Zero. A parte social: se a gente está tratando isso como resíduo e valorizando toda essa cadeia, esse resíduo vai para um lugar, não vai para um aterro sanitário. Então, a gente está fomentando ali famílias que podem e vivem desse resíduo, gera renda deste resíduo. Então, é sim um problema, uma solução também econômica, social. E principalmente o econômico também envolvido, porque a gente, quando falando de resíduos, lixo, passa na porta da nossa casa um caminhão da coleta pública que cobra por peso e, quando ele chega lá no aterro sanitário, eles cobram por peso para enterrar as nossas coisas também. Então, se a gente diminuir o peso desse caminhão e, se diminuir isso, não vai diminuir, não é uma economia para o município? Então, quando você começa a estudar a sustentabilidade e esses focos, principalmente do Lixo Zero, que é a minha parte, você vê que está tudo envolvido, o social, ambiental, econômico, realmente está tudo envolvido. E, quando a gente fala, quiser entender um pouquinho mais desse cenário de sustentabilidade hoje, nesse contexto de Brasil ou nosso olhar mais regional aqui, como que vocês enxergam, então, esse olhar das organizações, das empresas para criar ou estar à frente de iniciativas de sustentabilidade? Por que a sustentabilidade passou a ser ou está passando a ser uma prioridade nas organizações, na visão de vocês?

KATIUSCY ARANTES: Bom, eu percebo que a sustentabilidade ela está deixando de ser tratada como tendência para como uma urgência, porque nós já vivemos vários cenários emergenciais. Um exemplo disso é a questão climática. Então, enfim, a gente tem N exemplos: as chuvas em excesso, a seca em excesso. Então, isso já vem, como eu disse, dos comportamentos, atitudes, decisões que, ao longo dos anos, foram sendo tomadas que hoje a gente tem uma consequência. E aí eu percebo assim que as organizações elas estão cada vez mais sendo cobradas pela sociedade, cobradas pelo cliente para se posicionarem e também estão, e pelo governo, obviamente. Mas elas também estão percebendo que a sustentabilidade ela não é um anexo da empresa, ela não é uma área. Ela é realmente o centro da estratégia, porque sustentabilidade é perenidade. Eu acredito que toda empresa quer nascer e ter continuidade. Então, eu percebo assim que as empresas elas têm se movimentado para entender qual vai ser o seu posicionamento, o que elas vão priorizar, como elas vão conectar o seu negócio com esse olhar de sustentabilidade. Como é que ela vai mapear os seus impactos, sejam eles adversos ou positivos, que ela possa inclusive potencializar. E eu vejo assim que hoje a gente também começa a ter muito mais parceiros para ajudar nesse olhar, tanto empresas especializadas, consultorias, enfim, mas também essa própria provocação da sociedade. E acho que para fechar esse olhar atual, algumas coisas aceleram esse movimento. Então, por exemplo, movimentos que crescem aí como a COP 30, a própria provocação que a gente tem de marcas sendo expostas porque não cumpriram com critérios, enfim, geraram algum malefício para a sociedade e as redes sociais. Tudo isso faz com que as pessoas estejam o tempo todo olhando para isso e comparando a empresa que eu me relaciono, enfim, a sociedade que eu estou, a comunidade que eu estou inserido, como é que está olhando para isso. Eu vejo que é o momento, só que de entender que não é uma tendência, é uma urgência e é realmente um centro da estratégia para qualquer organização.

JEAN PELICIARI: Não é tendência mesmo. Quem não está pensando nisso já, já ficou, não é que está ficando, já está, já está lá atrás. E a gente nota e a gente está com uma variedade muito grande de pilotos acontecendo no estado de Mato Grosso. O Instituto Lixo Zero mesmo diz que Mato Grosso é um laboratório vivo do Lixo Zero, porque nós temos shopping trabalhando no Lixo Zero, prefeituras, escolas, indústrias. É uma variedade muito grande provando que qualquer local gera resíduos e você pode ter sim um manejo melhor disso, uma gestão melhor disso. Falando dos grandes, então, os grandes hoje realmente é uma obrigatoriedade, é uma obrigatoriedade de pensar nos seus impactos ambientais. Redução principalmente dos impactos na geração e como melhor encaminhar o que você gera. Falando especificamente dessa gestão de resíduos e como a empresa começa a se conectar e questionar o seu entorno. Então, isso já acontece hoje aqui na Sicredi. Então, o próprio presidente da Sicredi sentando com a prefeitura da cidade querendo saber o que nós podemos ajudar ou o que está sendo feito para melhorar a nossa gestão de resíduos a nível municipal. Então, vai muito além da gente estar falando somente das grandes organizações, das organizações, mas como ela está se relacionando e se conectando e o que ela está fazendo para fazer com que a gente evolua. Porque a sustentabilidade ela tem um tripé. Todo mundo é responsável. Então, nós temos aí a prefeitura, o municipal, que os governos, que são eles, precisam nos dar a oportunidade de fazer o melhor encaminhamento dos nossos resíduos. Nós temos as indústrias que colocam as embalagens no mercado que precisam fazer embalagens também que sejam pelo menos recicláveis. E nós temos o cidadão que precisa fazer a sua parte. Então, se todo mundo fizer a sua parte, é a sustentabilidade. É a coisa, é o equilíbrio, como a Katiuscy falou, acontecendo na prática.

BRUNO MOTTA: Muito bem. Como que vocês enxergam, ou melhor, quais são os principais desafios para implementar essas práticas dentro das empresas, dentro das organizações?

KATIUSCY ARANTES: Quer começar? Pode começar. A Katiuscy teve um grande desafio aqui no Sicredi. Um ano, né, Katiuscy, estudando o Lixo Zero para ver se isso era realmente um bom caminho. Conta sua história sobre o Lixo Zero. Mas acho que antes de trazer essa trajetória para uma das iniciativas que é o Sustenta Sicredi, que é a metodologia Lixo Zero. Os desafios são vários e o primeiro de todos é cultural. Existe uma cultura de que não é comigo. Não é comigo, não é com a minha empresa. É um cenário externo. Isso não vai me impactar. Então, acho que o primeiro é cultural. E na cultura a gente também tem o desafio da liderança, porque a liderança precisa comprar essa ideia. A liderança precisa entender a importância desse olhar de sustentabilidade em todo o planejamento da empresa. De novo, não é uma área, não é um projeto. Um outro desafio: conhecimento. Informação. Um outro desafio: recursos. A gente fala que sustentabilidade não é custo, é investimento de longo prazo. Mas muitas vezes para fazer esse investimento há limitações. Um outro ponto também é a questão da regulamentação. Então, a gente tem hoje leis que ajudam e leis que atrapalham. E também há uma carência de incentivos para diversas questões que poderiam também apoiar no avanço. E acho que eu fecharia por último esse olhar mais amplo que a gente chama de gestão da cadeia de valor. Mas para simplificar, que é esse olhar de com quem eu me conecto. Então, eu como organização, eu não faço nada sozinho. Eu tenho os meus parceiros, meus fornecedores, meus colaboradores. Eu tenho quem eu impacto. Como é que eu olho para tudo isso? Porque se eu não fizer essa gestão da cadeia de valor, eu corro o risco de só estar olhando o meu pedaço e estar deixando de olhar o todo e trabalhar todos os impactos, tanto adversos como positivos, que a minha cadeia tem. Então, são vários desafios, mas eu arrisco dizer que todo bom desafio, ele é superado com um propósito muito claro, o porquê. Por que vamos fazer isso? Por que vamos olhar dessa forma? Por que vamos trazer a centralidade para a estratégia central do nosso negócio? Eu acho que se isso for claro, desde a liderança em todas as camadas na sua cadeia de valor, o desafio é superado. A gente encontra alternativas.

JEAN PELICIARI: Isso mesmo, esses treinamentos contínuos, essa comunicação com os colaboradores, isso é fundamental para a implementação de boas práticas. E a liderança, foi como ela falou, se a liderança não quer, nada acontece. Mas, além disso, a liderança não deve apenas querer, ela deve atuar. Tanto que, quando nós vamos implementar aqui na sede o Lixo Zero, os primeiros a entregar as suas lixeirinhas foram o Elidio e o Vargas. Então, vem da liderança o exemplo. Então, isso é muito importante. E, quando a gente fala de organização, uma organização, então nós temos normas. É diferente da gente falar uma cidade. Você não vai conseguir entrar na casa da pessoa e falar para ela o que ela deve fazer. Você pode ensinar com a comunicação e nossa cidade é assim. Agora, dentro das organizações de uma indústria, de uma empresa, você tem as normas que os colaboradores precisam seguir essas normas. Então, a implementação, como a Katiuscy falou, sendo claro, sendo objetivo, tendo uma comunicação, treinamentos, e nós somos assim, não tem muita dificuldade, sabe? A empresa adotar essas práticas ambientais. Mas lembrando que o líder é fundamental nesse processo.

BRUNO MOTTA: E, quando a gente fala, então, claro, a gente já conversando aqui, a gente já entende o quanto essas práticas sustentáveis impactam positivamente e vão impactar ainda mais no futuro, quando a gente tem esse olhar, então, de que sustentabilidade é a gente pensar nesse futuro que a gente quer deixar ou construir. Mas, hoje, a gente já tem várias possibilidades de medir esse impacto positivo. Como que a gente faz isso? Aqui na Sicredi Ouro Verde, como que metas e indicadores a gente também se utiliza para entender se a gente está indo no caminho certo? Como que essas práticas estão efetivamente contribuindo, seja para o nosso negócio, seja para a sociedade, enfim.

KATIUSCY ARANTES: Sim. Na Sicredi Ouro Verde, nós seguimos uma matriz de materialidade que é sistêmica do sistema Sicredi, que nada mais é do que um mapeamento dos principais temas que a nossa empresa precisa priorizar. Porque é impossível priorizar tudo, não é? E, se priorizamos tudo, não é prioridade. Então, essa relação, vamos dizer assim, de temas que vão no nosso negócio, cooperativismo de crédito, ele vai passar por como concedemos o crédito, pelos impactos adversos que podemos gerar através do crédito, pelas nossas ações sociais, pelo nosso investimento social, pelos nossos impactos ambientais, porque a gente tem uma estrutura para poder atender o nosso associado. Ele vai passar por como é a nossa governança. Então, inúmeros temas, não vou citar todos aqui porque são muitos. Então, a partir dessa definição, desses temas materiais, define-se métricas. Porque tudo que não é medido, já diziam, não é acompanhado, não é gerenciado, não vai gerar resultado. Então, hoje, nós temos 26 indicadores que compõem um referencial que usamos em inúmeras decisões, inclusive como objetivo estratégico. E esses 26 indicadores são monitorados mensalmente. Como eu falei, vamos ter indicadores diversos, né? O que a gente emite de CO2, quantas pessoas temos, por exemplo, olhando inclusão e diversidade. N questões. Então, esses 26 indicadores são acompanhados todos os meses pela diretoria, pela nossa governança, os nossos colaboradores para entendermos se estamos indo bem ou não. E a gente usa parâmetros que são referências. Como se a gente dissesse assim, vamos nos comparar com quem está bem. Então, como estamos? Estamos caminhando bem? Precisamos melhorar? E, obviamente, para melhorar, precisamos desenhar ações, estratégias, iniciativas, né? Mas a gente tem todo esse acompanhamento para que a gente possa sair do discurso. Porque eu acho que sustentabilidade é quase uma, como eu posso dizer, é constantemente você tem que sair do subjetivo. Constantemente tem que sair do subjetivo. E uma das formas é medir. Especificamente, então, sobre o Lixo Zero, como é que a gente mede? A gente trabalha com três frações mínimas: os recicláveis, os orgânicos e o rejeito. Quando a gente começa a separar essas frações, armazenar e pesar, então nós temos aí o desvio de aterro sanitário, que é o lixo. E quando a gente começa a olhar para o que a gente gera, a gente vê que o lixo é a menor fração. Nós temos índices aqui no Sicredi de 90% de desvio de aterro, 86% de desvio de aterro. Isso são as medições que nós fazemos, literalmente pesando as coisas que a gente gera. E depois que pesou, armazenou, qual o melhor encaminhamento para isso tudo? Então, ao invés de ir para um aterro sanitário ou uma incineração, uma cooperativa, os orgânicos, para uma compostagem, empresas de compostagem, e cada cidade é uma realidade diferente, é uma organização diferente. O Lixo Zero não tem uma receita de bolo, então você chega, você faz o diagnóstico e você tem diferentes realidades em diferentes cidades. Nós estamos com esse desafio aqui. Lucas do Rio Verde é uma realidade, Cuiabá é uma outra realidade, Nova Mutum já vai ser outra realidade, que está no meio das duas. Então, essas medições, elas são muito importantes para saber realmente, como ela falou, sempre temos que mostrar os nossos resultados. E as pesagens, principalmente do Lixo Zero, ela mostra que a gente consegue, sim, ter as nossas metas de desvio de aterro. Para aprofundar um pouquinho nessas ações e iniciativas, vamos falar então quais são as principais iniciativas, as principais ações voltadas à sustentabilidade aqui dentro da cooperativa. Bom, vamos começar com as iniciativas internas, porque a lista é grande. Então, acho que a primeira iniciativa, lá em 2021, a cooperativa constituiu um comitê de sustentabilidade. Porque o comitê, ele é um comitê estratégico, ele tem várias cadeiras, a gente tem representantes da agência, do conselho, coordenador de núcleo, diretoria, áreas, para que a gente tenha esse olhar diverso. Porque, de novo, sustentabilidade não é uma área, é a empresa toda. Então, o comitê, eu trago como uma primeira iniciativa, porque ali a gente discute, recomenda ao conselho de administração, inúmeras iniciativas, estratégias, e principalmente esse reporte de métricas, de como a gente está caminhando naquilo que a gente se propôs. E aí, internamente, ao longo, então, dos anos, a gente foi tomando algumas decisões. Algumas mais simples, mas com grande impacto, outras maiores, mais estruturadas, como o próprio Programa de Gestão de Resíduos, o Sustenta Sicredi, que o Jean é o nosso parceiro. Mas vou trazer algumas aqui. Então, primeiro, a partir dessa constituição desse comitê, nós passamos a olhar para todo o nosso investimento social de uma forma diferente. Porque nós temos inúmeros programas, que eu vou trazer como iniciativas voltadas à comunidade, às cidades, mas a gente passou a olhar de uma forma diferente. O planejamento dessas iniciativas, ele ganha uma outra roupagem. Porque, de novo, a gente está olhando a perenidade, essa potencialização do impacto positivo. Mesma coisa os nossos colaboradores. Então, tanto que hoje o Sicredi é uma das melhores empresas para se trabalhar pela GPTW. Mas, na Ouro Verde, a gente tem inúmeras ações para trabalhar o reconhecimento, o desenvolvimento, o bem-estar dos colaboradores. E, de novo, hoje, iniciativas simples, como, por exemplo, ter momentos celebrativos. Há grandes iniciativas, como trazer novos benefícios, ampliar as possibilidades de carreira, enfim. Então, outras iniciativas também que a gente passou a fazer, a gente começou a dedicar esforço, tempo, recurso, para mapear melhor alguns aspectos. Por exemplo, nossa emissão de gás carbônico. Então, nós temos uma frota própria, temos colaboradores se deslocando o tempo todo, e a gente é responsável por essa emissão que nós fazemos. Então, a gente começou a mapear isso, a quantificar isso, e a entender como é que a gente poderia reduzir. Além de neutralizar, que já é algo que nós já fazemos há muitos anos. Então, decidimos no comitê, o comitê trouxe para o conselho a proposta de usarmos apenas etanol. É um exemplo de uma iniciativa que foi tomada com esse olhar, já focando no ambiental. Analisar, por exemplo, o que a gente usa em termos de gás nos nossos ar-condicionados. Às vezes a gente pensa assim, ah, um ar-condicionado? Mas são muitas agências, muitos prédios, todos eles com vários aparelhos que precisam passar para essa troca. Quando a gente começa a quantificar, a gente percebe que o volume é expressivo. Nosso fundo social, a mesma coisa, a gente começou a olhar como é que a gente pode trabalhar o nosso fundo social de uma forma, aumentar o alcance, ampliar o tipo de projeto que a gente beneficia. Acho que é legal falar o que é o fundo social, Katiuscy. Verdade, né? Bom, o fundo social, ele é um fundo estatutário que a cooperativa tem, né? Então, lá no nosso estatuto, temos previsto um valor, um percentual para ser destinado ao fundo social. E o nosso associado na Assembleia, ele também pode estar direcionando uma parte desse fundo para entidades sem fins lucrativos que realizam projetos sociais. Então, esse valor, que só em 2025, com muito orgulho, a gente celebra que foram mais de 4 milhões e 400 mil reais, né? Que apoiaram aí 181 entidades. E essas entidades, elas desenvolvem projetos que vão desde a educação, né? O bem-estar das pessoas, vai trabalhar com criança, com idoso. Enfim, é muito amplo, né? Ações de meio ambiente também. Ações para tirar pessoas de questões de vulnerabilidade. Para desenvolver habilidades, né? Então, projetos para música, para artes. Enfim, o olho brilha, né, Camila? Porque a gente é apaixonada, né? A gente é apaixonada pelo fundo social. Mas nessa ótica da sustentabilidade, nos convidou a olhar diferente para o nosso fundo social e entender como a gente melhora todo esse processo. Temos também, enfim, internamente outras ações, tá? Como Comitê de Ética da Cooperativa, né? São muitas iniciativas para que a gente consiga olhar para esse todo. A última, sim, que eu traria é o olhar da governança, né? Nós estamos numa empresa cooperativa que tem como princípio a gestão democrática, né? Então, quanto mais a gente investe na nossa governança, em qualificar essa governança, em regulamentar essa governança, né? Em ampliar essa governança. Então, a gente tem crescido de uma forma muito significativa a participação dos nossos associados nas assembleias. A gente tem investido nos nossos conselhos, né? Então, são ações para que a gente fortaleça a nossa empresa em todos os aspectos. O social, o ambiental e a governança. E esse olhar mais amplo. E aí, o Sustenta Sicredi, então, está dentro dessas iniciativas. Então, vamos falar um pouquinho mais aprofundado dele? Pode ser? O Jean explicou um pouquinho de como funciona a metodologia Lixo Zero, mas vamos explicar antes como que surgiu o Sustenta Sicredi? Então, como uma iniciativa interna muito importante, principalmente porque ela foi, assim, um romper barreiras, né? Cada reunião que nós realizávamos com os públicos, a gente trazia nossa estratégia de sustentabilidade, nossos indicadores, toda essa relevância que a gente traz para o tema. E começamos a ter um incômodo positivo, porque naquela reunião, naquele evento, a gente tem um coffee break, a gente realiza ali alguma atividade que vai gerar um resíduo. E que, na época, um ano e meio atrás, isso era lixo, né? Nós tínhamos lá uma lixeira e tudo era jogado ali dentro. E isso começou a incomodar no sentido de que o quanto que olhar para resíduos não conversa com tudo e todas as outras coisas que fazemos, que a gente ainda vai falar dos projetos que são para a comunidade. E aí começamos a colocar esse assunto na mesa. Foi quando eu conheci o Jean, né? Que trouxe, desde a sua primeira fala, todo um significado para essa mudança, né? Que a gente estaria se propondo. E a gente começou a conversar, entender melhor. Num primeiro momento, quando a gente fala de gestão de resíduos, a gente pensa que é simples. Ah, é só separar, né? Mas, conversando com ele, percebi que não era simples. Que existiam várias etapas, né? E que precisaríamos trabalhar todo um entorno. Trabalhar com a nossa liderança para que essa ideia fosse verdadeiramente comprada. E que é uma coisa que você começa e nunca mais termina. Não é um projeto que vai ser… Dezembro acabou. Não. É para sempre. E que também, ao mesmo tempo, é um compromisso. É um compromisso com a sociedade. Porque, a partir do momento que a gente comunica isso, as pessoas vão nos enxergar como alguém que assumiu esse compromisso e elas vão esperar, elas terão a expectativa de que a gente seja exemplo nisso. Mas também, do outro lado, a gente conversou muito com os nossos diretores. Eles acolheram isso. O que nós queríamos? Queríamos ser cobrados pela sociedade ou sermos quem está impulsionando a sociedade? Que é o que eu vejo que está acontecendo hoje. Influenciando. E a gente escolheu influenciar. E aí começamos essa grande implantação, né? Primeiro aqui por Lucas, depois expandimos para Cuiabá. A gente teve um piloto antes, né? Com a nossa agência Tijucal. Apanhamos bastante, mas aprendemos muito, o que nos levou a avançar. E aí eu vou deixar o Jean contar um pouquinho mais dessa trajetória nas nossas unidades.

JEAN PELICIARI: E aí, assim, eu sou apaixonado pelo que está acontecendo hoje aqui, né? E a Katiuscy tem papel fundamental em tudo que está acontecendo. Ela ficou um ano estudando o Lixo Zero para entender, para mapear por onde nós iríamos começar, quais seriam os pilotos e como… Agora a gente vai falar de fases de expansão, né? Porque nós temos cidades que ainda estão muito atrasadas com relação à gestão de resíduos e é difícil você estar fomentando o mercado, né? Em determinados municípios. Então, foi complicado, mas foi simples a implementação aqui na Sicredi, sabe? Porque quando a instituição quer, tudo fica mais leve, mais fácil, né? Então, nós fizemos um planejamento de lançamentos, fizemos planejamentos para os treinamentos, porque a clareza do que é, do que não é, onde nós queremos chegar, isso todo mundo precisa estar em sintonia com os objetivos. E eu acredito que hoje o Sicredi já está vivendo uma outra fase já. A gente não está em 100% das nossas agências. Eu digo nossa porque eu já me sinto parte, tá? Mas nós já estamos conversando com os nossos fornecedores. Nós já tivemos, no ano passado, o primeiro encontro de fornecedores. Mais de 200 fornecedores vieram para escutar sobre o Sustenta Sicredi. Então, nós já estamos além. Não só pensando dentro, mas agora já pensando em toda a nossa cadeia, né? Nós queremos que a nossa cadeia também adote boas práticas sustentáveis. Então, é como a Katiuscy falou. Começou, não tem como parar, sabe? É só avançando. Depois, nós já estamos além dos fornecedores também, como eu já citei, conversando a nível cidade. Então, conversando com prefeitura, fomentando empresas para que comecem projetos de compostagem, por exemplo, que é uma grande oportunidade de mercado em todo o Brasil. Empresas que possam receber e fazer coleta dos resíduos orgânicos, que é metade do nosso problema. Quando a gente começa a medir, e a gente não percebe isso, que quando a gente começa a separar as três frações, os orgânicos é a metade do nosso problema. Só quando a gente começa a separar que a gente percebe isso. E se esse orgânico vai para aterro sanitário, é chorume, gás metano. E se a gente pega esse orgânico e leva para uma empresa de compostagem, a gente faz isso, a circularidade acontecer, virar vida novamente com o adubo que vai gerar alimento. Então, assim, eu vejo com muita claridade o sucesso do Sicredi com o Lixo Zero. E não só com o Lixo Zero, com tudo que permeia a sustentabilidade. Quais são os resultados que já foram alcançados dentro do Sustenta Sicredi? Hoje o Sustenta Sicredi já está implantado 100% nas nossas unidades aqui em Lucas, que compreende a sede administrativa e as nossas cinco agências. E em Cuiabá, na nossa sede, e também mais três agências. E com todas essas unidades, a gente já desviou, a gente já deixou de mandar para o aterro sanitário mais de 14 toneladas de resíduos que seriam lixo. E acho que um ponto importante é assim, o que o Sustenta Sicredi mais agregou para a nossa cooperativa? Uma visão interna. Primeiro, quando a gente começou, nós tínhamos um olhar para o nosso resíduo, para aquilo que a gente gera no dia a dia da operação da cooperativa. Só que a gente percebeu que os nossos colaboradores, por eles vivenciarem esse formato, de na hora que ele vai jogar no residuário, que é o que a gente passou a usar, ele avaliar aquilo que está na minha mão. É orgânico? É um resto de alimento? É algo que pode ser compostado? É reciclável? Ou não? De fato, é o lixo, é o rejeito. Quando ele para para pensar isso, e também a gente capacita ele, dá conhecimento para ele entender, porque não é tão simples assim. E, inevitavelmente, ele começa a fazer isso em casa. Ele começa a levar isso para a família. Ele começa a se incomodar da forma que ele vê o lixo na rua. Então, a gente percebeu que isso passa, transpassa as paredes da cooperativa. E a mesma coisa é o associado. Então, o associado vem em um evento aqui na sede, por exemplo, é inevitável ele comentar, ele perguntar, ele querer saber como funciona, ele falar que gostaria de levar para a empresa dele, por exemplo. Então, é um comportamento, entende? Quando a gente começa a olhar para as gestões de resíduo, a gente acha que é um processo. E, no final, a gente percebe que é um comportamento. E é um comportamento que as pessoas vão aderindo, porque elas passam a ver que tem como fazer, que tem como a gente fazer. E eu acho que esse resultado que a gente tem hoje, ele é a prova disso. Porque você ter essa quantidade de colaboradores, de unidades tão engajadas ao ponto, inclusive trago como resultado o Bruno, nós já fomos certificados com o selo Lixo Zero, que o Instituto Lixo Zero trabalha esse selo, como uma instituição que atende esses parâmetros de desvio de aterro e de outras práticas ambientais, sociais, para poder ser certificada. E a gente tem isso com muito orgulho, porque mostra que a gente está no caminho certo. E só complementando o que a Katiuscy falou, das pessoas levarem realmente para casa. Isso é de verdade. E o case de sucesso que está acontecendo hoje em Lucas do Rio Verde é o que a gente quer que aconteça em todas as cidades do Brasil. Porque hoje nós temos, além da Sicredi Ouro Verde, nós temos a Prefeitura, que também é Lixo Zero, nós temos a EFS, que é uma das maiores indústrias também da cidade, que há três anos já desvia 99% dos seus resíduos de aterro sanitário, e nós temos 100% das escolas de Lucas do Rio Verde aderindo, já fizeram adesão ao Lixo Zero. São 100% das escolas sem lixeiras. Isso está acontecendo. Então, com certeza, nós temos colaboradores do Sicredi que têm filho em escola municipal. Então, o filho está escutando falar sobre o Lixo Zero na escola, ele escutando falar no Sicredi, chega em casa e eles fazem. Porque eles estão aprendendo juntos. E isso, olha, até arrepio. Porque é incrível o potencial que nós temos nessa cidade de mostrar que é possível fazer diferente. Tratar resíduos e não lixo, como a maioria do Brasil hoje trata. No saco preto, leva daqui que está fedendo e vai enterrar isso daí.

CAMILA CARPENEDO: Não, eu ia dizer que esse também é um dos exemplos, uma das provas, como a Katiuscy estava falando, de como que, quando empresa, iniciativa privada, poder público, população trabalham juntos, a gente tem iniciativas que amplificam demais o impacto. E aí eu só queria trazer isso para abrir também, para que a gente pudesse falar, então, de outras iniciativas, Katiuscy, que começaram aqui dentro da Ouro Verde, de sustentabilidade, e que também têm esse impacto muito ampliado para a sociedade, para as regiões onde a gente está atuando.

KATIUSCY ARANTES: Sim. Bom, como eu falei que a lista é grande de iniciativas, eu, quando a gente fala internamente, eu não citei a nossa usina fotovoltaica. Mas, agora, olhando o externo, vou resgatá-la, porque a gente tem a parte de crédito como um grande fomentador da energia solar. Temos feirões com condições para a aquisição das placas. Só no último feirão foram mais de 15 milhões financiados para energia solar. E a cooperativa começou isso dando um exemplo, ela mesma fazendo parte de uma usina fotovoltaica em intercooperação, e depois tendo também seus próprios parques de energia solar como uma forma de realmente utilizar o recurso renovável, porque a gente sabe que isso tem feito toda a diferença para o nosso meio ambiente. Nas iniciativas que a gente olha, na cidade, tudo aquilo que se propaga para a cidade, temos inúmeros exemplos. O cooperativismo tem esse olhar para a comunidade como princípio, interesse pela comunidade. Então, vou começar pelos programas de educação. Nós temos hoje o programa União Faz a Vida, que é um programa de educação que atende já mais de 70 mil pessoas, entre professores e alunos. Está presente nos 15 municípios da área de atuação da cooperativa. E o principal, ele leva para o aluno, para o professor, uma metodologia ativa de aprendizado. Ele estimula esse protagonismo do aluno, trabalha valores com esses alunos e instrumentaliza esse professor. Então, a gente investe na preparação, formação do professor para ele levar isso para a sala de aula, para os conteúdos que ele precisa trabalhar e colocar esse aluno realmente no centro dessa experiência. E o União Faz a Vida, nós já trabalhamos ele há 20 anos, como o nosso principal programa de responsabilidade social. Porque a gente acredita que é a educação que vai construir esse futuro. E veja como isso é forte. No União Faz a Vida, nós temos a cidadania. E, quando a gente fala de gestão de resíduo, a gente está falando de cidadania. E aí, fazendo o mesmo link, se você me permite, que o Jean fez, nós temos a criança lá na escola fazendo um projeto com a metodologia do União Faz a Vida, a expedição investigativa, buscando a curiosidade da criança sobre o lixo, sobre o impacto, por exemplo, do que a família dele faz, como a família dele trata. Então, são muitas formas da gente provocar essa visão cidadã, essa visão mais crítica, mais coletiva, o que eu faço impacta no outro. Isso trouxe o exemplo do União Faz a Vida. Nós temos cooperativas escolares, que vão trabalhar mais com adolescentes, que vão trazer essa liderança, esse olhar para a comunidade. Eu sempre gosto de dar um exemplo da cooperativa escolar, que é uma das cooperativas que trabalhou o tema bullying nas escolas. Então, não é o professor que está levando, não é o diretor, não é a Secretaria de Educação. É o aluno dizendo para o outro aluno que não é uma atitude legal, que não é um comportamento aceitável, que tem consequências, através de um programa que incentiva tudo isso. O diálogo, as decisões coletivas, a responsabilidade. Então, são iniciativas olhando o campo educacional. Quando a gente olha para a educação financeira, que hoje é um grande desafio no nosso país, um alto nível de endividamento. E eu arrisco dizer que é muito difícil uma pessoa estar bem se ela não está bem financeiramente. Porque dívidas, compromissos, enfim, isso rouba a paz de qualquer pessoa. E nós, enquanto instituição financeira, a gente tem duas formas de trabalhar. O crédito consciente. Então, todo o crédito que a cooperativa vai conceder, ela precisa avaliar. Esse crédito, essa pessoa tem essa capacidade, ela tem essa condição, isso vai ajudá-la ou vai terminar de empurrá-la para uma situação difícil? Esse crédito vai ser usado adequadamente, quando eu falo de uma organização. Esse crédito vai ser aplicado dentro dos quesitos legais, ou eu estou financiando, de repente, uma atividade ilegal. Então, todo esse crédito responsável. E olhando no viés da educação financeira, como é que eu ajudo as pessoas a lidar melhor com o dinheiro? E aí nós temos palestras, oficinas, conteúdo online, N ações para a comunidade em geral, inclusive para as crianças, com o Gibi, com a Turma da Mônica, enfim. Para que eles já cresçam com essa consciência. Nós temos também várias iniciativas voltadas para mulheres. Temos um curso Mulher Empreendedora, que é para ajudar mulheres a iniciarem pequenos negócios, ou estruturarem melhor seus pequenos negócios. Várias parcerias, enfim, para esse protagonismo da mulher, para esse crescimento da mulher. Crédito para mulheres empreendedoras. Temos o nosso comitê Mulher, que são nossas associadas, onde a gente trabalha com elas. Todo esse protagonismo, esse desenvolvimento da capacidade da mulher de estar onde ela quiser estar, de ocupar o espaço que ela desejar. E esse acolhimento entre elas. Então, são tantos, a gente vai citando, mas enfim. A gente tem muitos trabalhos também voltados à sucessão. O próprio fundo social, que já impactou mais de 200 mil pessoas nesse ano. Então, a cooperativa tem um portfólio de ações para olhar para a comunidade, olhando diversas necessidades. Nós não temos um único programa, ação, e sim uma diversidade, entendendo que a nossa sociedade é complexa e ela vai ter necessidades muito diferentes. Então, acho que é esse olhar que a cooperativa tem, sempre teve, e de uma forma muito estruturada, porque nós temos fundos hoje estatutários que nos apoiam a planejar isso e executar isso. Junto com parceiros como o Jean e tantos outros nós temos aí, assessores pedagógicos, enfim, a própria prefeitura, as secretarias. É uma união de pessoas para poder levar desenvolvimento e sustentabilidade para as regiões que a gente atua.

CAMILA CARPENEDO: E antes da gente seguir na conversa, eu queria só deixar um recadinho, então, para quem está nos assistindo, que muitos desses temas que a Katiuscy citou aqui, a gente já teve episódios aqui no nosso Raízes Ouro Verde. Então, nós já recebemos aqui duas secretárias de educação de dois municípios da nossa região para falar de União Faz a Vida, e foi uma conversa emocionante, gente, duas apaixonadas pelo impacto transformador do programa União Faz a Vida. Já recebemos entidades beneficiadas pelo Fundo Social, já recebemos alunos das cooperativas escolares, já recebemos episódios lindos, gente, para ver o quanto aquele programa faz diferença na vida desses alunos. Então, volte alguns episódios aí e acompanhe, assista, se você ainda não assistiu, né, Bruno?

BRUNO MOTTA: Isso, isso mesmo. Vamos falar de futuro? Vamos começar a falar um pouco mais de futuro agora? Como que vocês percebem, enxergam e almejam realmente o futuro da sustentabilidade dentro das organizações e dentro das cidades da nossa região?

JEAN PELICIARI: O despertar está acontecendo nesse exato momento, né? Então, a gente está sendo procurado por muitas prefeituras querendo saber o que é esse tal de Lixo Zero, né? Porque a gente quer trazer educação ambiental para as nossas crianças também. Muitas empresas e indústrias com esse movimento também, de começar a pensar mais sobre isso. E quando a gente começa a nos responsabilizarmos pelo nosso lixo, que é o resíduo gerado na grande maioria, nós nos empoderamos. A gente para de reclamar. A gente para de culpar. A minha cidade não tem isso. A minha cidade não funciona isso. O resíduo é meu e eu vou me conectar, eu vou buscar. Essa é a grande pegada de futuro. É a gente parar de esperar as coisas acontecerem e a gente ir atrás para solucionar os nossos problemas. Porque o resíduo é meu. Quando a gente entende que o resíduo é nosso, a gente para de culpar os outros e busca a solução. Então, acho que a sementinha que nós estamos plantando hoje nas cidades onde aqui em Mato Grosso já está tendo o Lixo Zero é o que a gente espera que o Brasil se desperte para isso. Nós temos um movimento muito forte acontecendo no Brasil que é da incineração. A grande solução… Vamos resolver o resíduo queimando, como se resolvesse com isso. Mas, na verdade, o Lixo Zero é o oposto disso. A gente separar é melhor encaminhar. O lixo, que é menos de 10%, é o que poderia ir para uma indústria de incineração, não vale a pena com o Lixo Zero, porque o lixo é menos de 10%. Então, não se paga. Então, só para concluir, eu acredito, sim, num futuro que seja circular.

KATIUSCY ARANTES: Eu tenho uma visão muito parecida com a que o Jean trouxe. Talvez a mesma provocação que ele colocou de que as pessoas se apropriem das suas responsabilidades e das organizações também. Eu percebo que o futuro vai ser uma junção entre as pessoas mais conscientes e o meio ambiente, deixando claro o preço que ele vai cobrar, e a sociedade como um todo, mostrando que, se cada um fizer a sua parte, mas a gente também entender que precisamos nos unir para ganhar força, que a gente pode mudar vários cenários que já estão postos hoje. Eu acho que é essa a reflexão. Você trouxe o exemplo do resíduo. O resíduo é meu. Eu vou trazer um exemplo do nosso dia a dia que a Sicredi. A gente vem construindo novas agências. A construção é minha, é nossa, da empresa. Então, por que não avaliar como eu, por exemplo, fazer uma construção sustentável? Que, desde a concepção, eu já estou pensando como eu vou reutilizar a água, como eu vou utilizar os recursos naturais da melhor forma possível. E outro ponto. Onde eu vou construir essa agência? Eu estou incluindo a sociedade? Por exemplo, nós temos agências em bairros que não têm nenhuma outra instituição financeira. Qual vai ser o foco dessa agência? O que eu quero levar para essa comunidade? Então, é esse olhar de que a responsabilidade, ela é da empresa, porque a empresa escolheu desenvolver aquele negócio. E ela gera um impacto adverso e positivo que ela pode potencializar. Então, acho que o futuro é esse olhar conjunto. E, obviamente, que isso tem que vir com uma base regulamentar que incentive, que apoie, mas que também cobre de quem não está entendendo que isso é importante. Porque também ver que nada é feito desmotiva quem está fazendo. E acho que, por fim, o cliente cada vez mais, no nosso caso o associado, mas olhando o mercado cliente, cada vez mais ele vai valorizar as empresas que escolheram esse posicionamento. Porque ele vai perceber que esse impacto vai chegar nele. É ou não é? Uma vez eu tive a oportunidade de entrar numa praia horrível de contaminação e aquilo mexeu muito comigo. Porque eu falei, meu Deus, quantas situações aconteceram para chegar nisso? Para o lugar se tornar inviável para o turismo? Então, talvez eu, enfim, a gente tem muito essa visão de que não é comigo, mas é comigo sim. E eu acho que é esse olhar conjunto. Cada um entender a sua parte e entender que juntos também a gente consegue mudar várias realidades. Então, o futuro da sustentabilidade é circular e cooperativo.

JEAN PELICIARI: Cooperativo, isso mesmo.

CAMILA CARPENEDO: Perfeito, o futuro é perfeito. Ah, que legal! Então, vamos nos encaminhando para o final, né, Bruno? E aí eu quero pedir, então, que vocês agora deixem uma mensagem para quem está nos assistindo, de qual é o papel, então, de cada cidadão nesse futuro. E nesse hoje, porque a gente está construindo hoje esse futuro que a gente quer. Então, por favor, possam deixar essa mensagem, que vocês possam deixar essa mensagem aí para o nosso papel, o papel de cada cidadão.

JEAN PELICIARI: Eu quero agradecer por fazer parte desse projeto incrível aqui do Sicredi. Então, já sou, né? Já sou Sicredi também já há muito tempo. Parabenizar a Katiuscy pelo excelente trabalho que ela vem desenvolvendo com o Sustenta Sicredi. É incrível, realmente, ver o leque de projetos sendo desenvolvidos e melhorar. A gente tem esse foco de melhorar a comunicação, né, Katiuscy? É mostrar para todo mundo a diversidade de atividades envolvendo a sustentabilidade que a Sicredi hoje desenvolve. E a mensagem que eu quero deixar para quem está ouvindo é: se você ainda não faz, comece. Comece, né? Comece em casa. Comece a separar os recicláveis ali, né? Se você não faz nada ainda, comece a separar os recicláveis limpos, que é muito importante estarem limpos, pensando que outras pessoas vão colocar a mão nisso, né? Dá o primeiro passo. O difícil é só começar. Depois que você começa, você não quer mais voltar para trás. Então, a mensagem que eu deixo para você que está nos ouvindo e ainda não faz nada no quesito separação de resíduos, comece. Comece agora. Comece hoje. Termine de assistir esse podcast e já vai separar seus resíduos em casa.

KATIUSCY ARANTES: Obrigada, Jean. Bom, a minha mensagem, acho que é o que eu falei no podcast todo, né? É esse convite de que é com você mesmo. É com você mesmo. Então, tudo que a gente faz vai repercutir no outro de alguma forma e com alguma intensidade. Então, acho que é esse olhar. Cada atitude que eu tenho hoje vai repercutir no amanhã. E esse amanhã inclui impactos na minha família, nas pessoas à minha volta, na minha cidade. Então, a gente… O meu convite é esse, ter essa consciência que é com a gente mesmo. Porque nós temos essa responsabilidade. Então, o olhar para o futuro não é de um só, é de todos nós.

CAMILA CARPENEDO: Muito obrigada, Jean, Katiuscy, por essa conversa. Que mensagem importante, né, gente, que a gente está deixando nesse episódio de hoje, né, Bruno?

BRUNO MOTTA: Com certeza. É para levar para casa, fazer atividade em casa. Tudo aquilo que o Jean falou, tudo aquilo que a Katiuscy falou. Vamos, é isso aí. Bom demais, gente. Muito obrigado. Agradecemos mais uma vez a participação de vocês, Katiuscy, Jean, participação também de quem esteve com a gente, né, Camila, em mais um episódio do podcast Raízes Ouro Verde. Esse que é o 31º. Seguimos até o 35º.

 


CAMILA CARPENEDO: Não, eu ia dizer que esse também é um dos exemplos, uma das provas, como a Katiuscy estava falando, de como que, quando empresa, iniciativa privada, poder público, população trabalham juntos, a gente tem iniciativas que amplificam demais o impacto. E aí eu só queria trazer isso para abrir também, para que a gente pudesse falar, então, de outras iniciativas, Katiuscy, que começaram aqui dentro da Ouro Verde, de sustentabilidade, e que também têm esse impacto muito ampliado para a sociedade, para as regiões onde a gente está atuando.

KATIUSCY ARANTES: Sim. Bom, como eu falei que a lista é grande de iniciativas, eu, quando a gente fala internamente, eu não citei a nossa usina fotovoltaica. Mas, agora, olhando o externo, vou resgatá-la, porque a gente tem a parte de crédito como um grande fomentador da energia solar. Temos feirões com condições para a aquisição das placas. Só no último feirão foram mais de 15 milhões financiados para energia solar. E a cooperativa começou isso dando um exemplo, ela mesma fazendo parte de uma usina fotovoltaica em intercooperação, e depois tendo também seus próprios parques de energia solar como uma forma de realmente utilizar o recurso renovável, porque a gente sabe que isso tem feito toda a diferença para o nosso meio ambiente. Nas iniciativas que a gente olha, na cidade, tudo aquilo que se propaga para a cidade, temos inúmeros exemplos. O cooperativismo tem esse olhar para a comunidade como princípio, interesse pela comunidade. Então, vou começar pelos programas de educação. Nós temos hoje o programa União Faz a Vida, que é um programa de educação que atende já mais de 70 mil pessoas, entre professores e alunos. Está presente nos 15 municípios da área de atuação da cooperativa. E o principal, ele leva para o aluno, para o professor, uma metodologia ativa de aprendizado. Ele estimula esse protagonismo do aluno, trabalha valores com esses alunos e instrumentaliza esse professor. Então, a gente investe na preparação, formação do professor para ele levar isso para a sala de aula, para os conteúdos que ele precisa trabalhar e colocar esse aluno realmente no centro dessa experiência. E o União Faz a Vida, nós já trabalhamos ele há 20 anos, como o nosso principal programa de responsabilidade social. Porque a gente acredita que é a educação que vai construir esse futuro. E veja como isso é forte. No União Faz a Vida, nós temos a cidadania. E, quando a gente fala de gestão de resíduo, a gente está falando de cidadania. E aí, fazendo o mesmo link, se você me permite, que o Jean fez, nós temos a criança lá na escola fazendo um projeto com a metodologia do União Faz a Vida, a expedição investigativa, buscando a curiosidade da criança sobre o lixo, sobre o impacto, por exemplo, do que a família dele faz, como a família dele trata. Então, são muitas formas da gente provocar essa visão cidadã, essa visão mais crítica, mais coletiva, o que eu faço impacta no outro. Isso trouxe o exemplo do União Faz a Vida. Nós temos cooperativas escolares, que vão trabalhar mais com adolescentes, que vão trazer essa liderança, esse olhar para a comunidade. Eu sempre gosto de dar um exemplo da cooperativa escolar, que é uma das cooperativas que trabalhou o tema bullying nas escolas. Então, não é o professor que está levando, não é o diretor, não é a Secretaria de Educação. É o aluno dizendo para o outro aluno que não é uma atitude legal, que não é um comportamento aceitável, que tem consequências, através de um programa que incentiva tudo isso. O diálogo, as decisões coletivas, a responsabilidade. Então, são iniciativas olhando o campo educacional. Quando a gente olha para a educação financeira, que hoje é um grande desafio no nosso país, um alto nível de endividamento. E eu arrisco dizer que é muito difícil uma pessoa estar bem se ela não está bem financeiramente. Porque dívidas, compromissos, enfim, isso rouba a paz de qualquer pessoa. E nós, enquanto instituição financeira, a gente tem duas formas de trabalhar. O crédito consciente. Então, todo o crédito que a cooperativa vai conceder, ela precisa avaliar. Esse crédito, essa pessoa tem essa capacidade, ela tem essa condição, isso vai ajudá-la ou vai terminar de empurrá-la para uma situação difícil? Esse crédito vai ser usado adequadamente, quando eu falo de uma organização. Esse crédito vai ser aplicado dentro dos quesitos legais, ou eu estou financiando, de repente, uma atividade ilegal. Então, todo esse crédito responsável. E olhando no viés da educação financeira, como é que eu ajudo as pessoas a lidar melhor com o dinheiro? E aí nós temos palestras, oficinas, conteúdo online, N ações para a comunidade em geral, inclusive para as crianças, com o Gibi, com a Turma da Mônica, enfim. Para que eles já cresçam com essa consciência. Nós temos também várias iniciativas voltadas para mulheres. Temos um curso Mulher Empreendedora, que é para ajudar mulheres a iniciarem pequenos negócios, ou estruturarem melhor seus pequenos negócios. Várias parcerias, enfim, para esse protagonismo da mulher, para esse crescimento da mulher. Crédito para mulheres empreendedoras. Temos o nosso comitê Mulher, que são nossas associadas, onde a gente trabalha com elas. Todo esse protagonismo, esse desenvolvimento da capacidade da mulher de estar onde ela quiser estar, de ocupar o espaço que ela desejar. E esse acolhimento entre elas. Então, são tantos, a gente vai citando, mas enfim. A gente tem muitos trabalhos também voltados à sucessão. O próprio fundo social, que já impactou mais de 200 mil pessoas nesse ano. Então, a cooperativa tem um portfólio de ações para olhar para a comunidade, olhando diversas necessidades. Nós não temos um único programa, ação, e sim uma diversidade, entendendo que a nossa sociedade é complexa e ela vai ter necessidades muito diferentes. Então, acho que é esse olhar que a cooperativa tem, sempre teve, e de uma forma muito estruturada, porque nós temos fundos hoje estatutários que nos apoiam a planejar isso e executar isso. Junto com parceiros como o Jean e tantos outros nós temos aí, assessores pedagógicos, enfim, a própria prefeitura, as secretarias. É uma união de pessoas para poder levar desenvolvimento e sustentabilidade para as regiões que a gente atua.

CAMILA CARPENEDO: E antes da gente seguir na conversa, eu queria só deixar um recadinho, então, para quem está nos assistindo, que muitos desses temas que a Katiuscy citou aqui, a gente já teve episódios aqui no nosso Raízes Ouro Verde. Então, nós já recebemos aqui duas secretárias de educação de dois municípios da nossa região para falar de União Faz a Vida, e foi uma conversa emocionante, gente, duas apaixonadas pelo impacto transformador do programa União Faz a Vida. Já recebemos entidades beneficiadas pelo Fundo Social, já recebemos alunos das cooperativas escolares, já recebemos episódios lindos, gente, para ver o quanto aquele programa faz diferença na vida desses alunos. Então, volte alguns episódios aí e acompanhe, assista, se você ainda não assistiu, né, Bruno?

BRUNO MOTTA: Isso, isso mesmo. Vamos falar de futuro? Vamos começar a falar um pouco mais de futuro agora? Como que vocês percebem, enxergam e almejam realmente o futuro da sustentabilidade dentro das organizações e dentro das cidades da nossa região?

JEAN PELICIARI: O despertar está acontecendo nesse exato momento, né? Então, a gente está sendo procurado por muitas prefeituras querendo saber o que é esse tal de Lixo Zero, né? Porque a gente quer trazer educação ambiental para as nossas crianças também. Muitas empresas e indústrias com esse movimento também, de começar a pensar mais sobre isso. E quando a gente começa a nos responsabilizarmos pelo nosso lixo, que é o resíduo gerado na grande maioria, nós nos empoderamos. A gente para de reclamar. A gente para de culpar. A minha cidade não tem isso. A minha cidade não funciona isso. O resíduo é meu e eu vou me conectar, eu vou buscar. Essa é a grande pegada de futuro. É a gente parar de esperar as coisas acontecerem e a gente ir atrás para solucionar os nossos problemas. Porque o resíduo é meu. Quando a gente entende que o resíduo é nosso, a gente para de culpar os outros e busca a solução. Então, acho que a sementinha que nós estamos plantando hoje nas cidades onde aqui em Mato Grosso já está tendo o Lixo Zero é o que a gente espera que o Brasil se desperte para isso. Nós temos um movimento muito forte acontecendo no Brasil que é da incineração. A grande solução… Vamos resolver o resíduo queimando, como se resolvesse com isso. Mas, na verdade, o Lixo Zero é o oposto disso. A gente separar é melhor encaminhar. O lixo, que é menos de 10%, é o que poderia ir para uma indústria de incineração, não vale a pena com o Lixo Zero, porque o lixo é menos de 10%. Então, não se paga. Então, só para concluir, eu acredito, sim, num futuro que seja circular.

KATIUSCY ARANTES: Eu tenho uma visão muito parecida com a que o Jean trouxe. Talvez a mesma provocação que ele colocou de que as pessoas se apropriem das suas responsabilidades e das organizações também. Eu percebo que o futuro vai ser uma junção entre as pessoas mais conscientes e o meio ambiente, deixando claro o preço que ele vai cobrar, e a sociedade como um todo, mostrando que, se cada um fizer a sua parte, mas a gente também entender que precisamos nos unir para ganhar força, que a gente pode mudar vários cenários que já estão postos hoje. Eu acho que é essa a reflexão. Você trouxe o exemplo do resíduo. O resíduo é meu. Eu vou trazer um exemplo do nosso dia a dia que a Sicredi. A gente vem construindo novas agências. A construção é minha, é nossa, da empresa. Então, por que não avaliar como eu, por exemplo, fazer uma construção sustentável? Que, desde a concepção, eu já estou pensando como eu vou reutilizar a água, como eu vou utilizar os recursos naturais da melhor forma possível. E outro ponto. Onde eu vou construir essa agência? Eu estou incluindo a sociedade? Por exemplo, nós temos agências em bairros que não têm nenhuma outra instituição financeira. Qual vai ser o foco dessa agência? O que eu quero levar para essa comunidade? Então, é esse olhar de que a responsabilidade, ela é da empresa, porque a empresa escolheu desenvolver aquele negócio. E ela gera um impacto adverso e positivo que ela pode potencializar. Então, acho que o futuro é esse olhar conjunto. E, obviamente, que isso tem que vir com uma base regulamentar que incentive, que apoie, mas que também cobre de quem não está entendendo que isso é importante. Porque também ver que nada é feito desmotiva quem está fazendo. E acho que, por fim, o cliente cada vez mais, no nosso caso o associado, mas olhando o mercado cliente, cada vez mais ele vai valorizar as empresas que escolheram esse posicionamento. Porque ele vai perceber que esse impacto vai chegar nele. É ou não é? Uma vez eu tive a oportunidade de entrar numa praia horrível de contaminação e aquilo mexeu muito comigo. Porque eu falei, meu Deus, quantas situações aconteceram para chegar nisso? Para o lugar se tornar inviável para o turismo? Então, talvez eu, enfim, a gente tem muito essa visão de que não é comigo, mas é comigo sim. E eu acho que é esse olhar conjunto. Cada um entender a sua parte e entender que juntos também a gente consegue mudar várias realidades. Então, o futuro da sustentabilidade é circular e cooperativo.

JEAN PELICIARI: Cooperativo, isso mesmo.

CAMILA CARPENEDO: Perfeito, o futuro é perfeito. Ah, que legal! Então, vamos nos encaminhando para o final, né, Bruno? E aí eu quero pedir, então, que vocês agora deixem uma mensagem para quem está nos assistindo, de qual é o papel, então, de cada cidadão nesse futuro. E nesse hoje, porque a gente está construindo hoje esse futuro que a gente quer. Então, por favor, possam deixar essa mensagem, que vocês possam deixar essa mensagem aí para o nosso papel, o papel de cada cidadão.

JEAN PELICIARI: Eu quero agradecer por fazer parte desse projeto incrível aqui do Sicredi. Então, já sou, né? Já sou Sicredi também já há muito tempo. Parabenizar a Katiuscy pelo excelente trabalho que ela vem desenvolvendo com o Sustenta Sicredi. É incrível, realmente, ver o leque de projetos sendo desenvolvidos e melhorar. A gente tem esse foco de melhorar a comunicação, né, Katiuscy? É mostrar para todo mundo a diversidade de atividades envolvendo a sustentabilidade que a Sicredi hoje desenvolve. E a mensagem que eu quero deixar para quem está ouvindo é: se você ainda não faz, comece. Comece, né? Comece em casa. Comece a separar os recicláveis ali, né? Se você não faz nada ainda, comece a separar os recicláveis limpos, que é muito importante estarem limpos, pensando que outras pessoas vão colocar a mão nisso, né? Dá o primeiro passo. O difícil é só começar. Depois que você começa, você não quer mais voltar para trás. Então, a mensagem que eu deixo para você que está nos ouvindo e ainda não faz nada no quesito separação de resíduos, comece. Comece agora. Comece hoje. Termine de assistir esse podcast e já vai separar seus resíduos em casa.

KATIUSCY ARANTES: Obrigada, Jean. Bom, a minha mensagem, acho que é o que eu falei no podcast todo, né? É esse convite de que é com você mesmo. É com você mesmo. Então, tudo que a gente faz vai repercutir no outro de alguma forma e com alguma intensidade. Então, acho que é esse olhar. Cada atitude que eu tenho hoje vai repercutir no amanhã. E esse amanhã inclui impactos na minha família, nas pessoas à minha volta, na minha cidade. Então, a gente… O meu convite é esse, ter essa consciência que é com a gente mesmo. Porque nós temos essa responsabilidade. Então, o olhar para o futuro não é de um só, é de todos nós.

CAMILA CARPENEDO: Muito obrigada, Jean, Katiuscy, por essa conversa. Que mensagem importante, né, gente, que a gente está deixando nesse episódio de hoje, né, Bruno?

BRUNO MOTTA: Com certeza. É para levar para casa, fazer atividade em casa. Tudo aquilo que o Jean falou, tudo aquilo que a Katiuscy falou. Vamos, é isso aí. Bom demais, gente. Muito obrigado. Agradecemos mais uma vez a participação de vocês, Katiuscy, Jean, participação também de quem esteve com a gente, né, Camila, em mais um episódio do podcast Raízes Ouro Verde. Esse que é o 31º. Seguimos até o 35º.

 


BRUNO MOTTA: Com certeza. É para levar para casa, fazer atividade em casa. Tudo aquilo que o Jean falou, tudo aquilo que a Katiuscy falou. Vamos, é isso aí. Bom demais, gente. Muito obrigado. Agradecemos mais uma vez a participação de vocês, Katiuscy, Jean, participação também de quem esteve com a gente, né, Camila, em mais um episódio do podcast Raízes Ouro Verde. Esse que é o 31º. Seguimos até o 35º.

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