Sicredi Ouro Verde MT

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Raízes Ouro Verde | Ep. 28
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Raízes Ouro Verde | Ep. 28

Lucas Costa Beber e Marcelo Lupatini

Neste episódio do Raízes Ouro Verde, recebemos Lucas Costa Beber, Presidente da Aprosoja Mato Grosso, e Marcelo Lupatini, Superintendente do Senar Mato Grosso. Eles exploram a profunda relação entre o agronegócio e a cooperativa Sicredi Ouro Verde, destacando a importância da união dos produtores. A conversa abordou ainda a evolução do setor, os desafios da comunicação e a necessidade de inovação e sustentabilidade.

Os convidados compartilharam suas visões sobre o futuro do agronegócio no estado, o potencial de industrialização e o papel crucial das cooperativas e entidades como a Aprosoja e o Senar no apoio e capacitação dos produtores rurais. Ouça e saiba mais sobre a força do cooperativismo e a importância da organização para o contínuo crescimento e desenvolvimento de Mato Grosso.

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Raízes Ouro Verde | Ep. 28
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BRUNO MOTTA: Oi, gente, é muito bom ter a companhia de cada um de vocês com a gente em mais um episódio do podcast Raízes Ouro Verde. Olha, por aqui já trouxemos muitas histórias nessa trajetória que celebra os 35 anos da nossa cooperativa Sicredi Ouro Verde MT. Hoje não é diferente, nós estamos aqui em Cuiabá, na capital do estado, para falar da relevância da cooperativa Sicredi Ouro Verde na nossa região e também da parceria com instituições tão importantes para o agronegócio aqui no nosso estado, né, Camila?

CAMILA CARPENEDO: É isso mesmo, então estamos mais uma vez gravando aqui da nossa capital de Mato Grosso, aqui de Cuiabá. E hoje, seguindo aqui na nossa temporada sobre relevância, a gente vai falar do agronegócio, essa força que movimenta Mato Grosso e que tem muita relação com a história da nossa cooperativa, como a gente já abordou em episódios anteriores. E hoje a gente vai falar de como é essa relação hoje. E para isso, nós recebemos aqui no estúdio, que estamos aqui em Cuiabá, dois representantes de duas entidades do agronegócio mato-grossense: Lucas Costa Beber, presidente da Aprosoja Mato Grosso, e Marcelo Lupatini, superintendente do Senar Mato Grosso. Então, muito obrigada pela participação de vocês aqui no nosso Raízes Ouro Verde, sejam muito bem-vindos.

LUCAS COSTA BEBER: Obrigado, Camila, obrigado, Bruno. Também cumprimento aqui o Marcelo, que está junto conosco, do Senar. Prazer poder conversar com vocês.

MARCELO LUPATINI: Obrigado pelo convite, pessoal. Cumprimentar o meu grande amigo Lucas, presidente da nossa tão boa entidade, onde eu participei já muito da entidade e devo muito para a entidade. E agradecer, falar do Sicredi é muito gostoso, muito prazeroso. O Sicredi fez parte da minha vida como produtor rural, ainda faz. A gente trabalha muito com o Sicredi até hoje. E, com certeza, temos muito boas histórias e muitos bons assuntos para tratar hoje.

BRUNO MOTTA: Com certeza. Agradecemos, então, mais uma vez, Lucas e Marcelo, por estarem aqui. Muito obrigado. Por terem aceitado participar aqui com a gente. E isso é o nosso convite. A gente tem muitos assuntos legais para tratar hoje. Só que, no início dos nossos episódios, a gente sempre começa com as raízes dos nossos convidados. Que é justamente quem são vocês. Para que vocês se apresentem para os associados que estão assistindo. Quem é o Lucas? Quem é o Marcelo? Isso falando do pessoal e do profissional, como as coisas se alinham. Então, se apresentem para a gente. E como vieram. Chegaram até a ser presidente da Aprosoja, superintendente do Senar.

LUCAS COSTA BEBER: Bom, eu sou gaúcho da região noroeste do Rio Grande do Sul. Próximo de Cruz Alta, Pejuçara, uma cidade pequena do interior. Eu nasci em 1984. Meu pai veio em 1980 aqui para o Mato Grosso. Foi um dos pioneiros em Nova Mutum. Ele, junto com meus tios. E, na época, eles tinham uma terrinha, venderam um pedaço lá para comprar. E meu pai continuou cuidando lá do sul. E aí ele vinha, na época de safra e colheita, ajudar meus tios. E aí, quando foi em 1984, eu sou filho temporão. Minha mãe teve eu dez anos depois que meus irmãos. Só que, em seguida, ela descobriu que tinha um tumor. E, três meses depois que ela me ganhou, faleceu. E aí, enquanto, nesses três meses, meu pai separou a sociedade dos meus tios. Para se dedicar para minha mãe. Tinha esperança que ela pudesse se recuperar. E aí, se afastou do Mato Grosso. E aí, quando foi em 1991, meu pai retornou para cá. E eu acabei mudando em 1994. Estudei aqui no Mato Grosso. Fiz minhas amizades, minhas raízes. E conheci minha esposa. Tive dois filhos. Hoje, meu filho mais velho está com 18 anos. E eu, no final de 2015, recebi um convite para participar da Aprosoja. Como delegado, insisti. Falei que não ia. E aí, um amigo meu, meu melhor amigo, aceitou. Falei, rapaz, agora que eu aceitei, você vai ter que ir também. E aí, começou. Eu comecei a ser atuante. Chamou atenção. Em uma eleição, fui convidado para ser diretor. Resisti para entrar no cargo. O pessoal insistiu. Acabei entrando. Depois, novamente, como vice-presidente. Hoje, estou como presidente da entidade. Representando mais de 9 mil produtores. A Aprosoja completou 20 anos este ano. Praticamente, já há 8 anos, eu faço parte da diretoria da entidade. E vi ela crescer. Quando eu ingressei, nós tínhamos menos de 4 mil associados. Este ano, a Aprosoja ultrapassa 9 mil associados. Então, para nós, é um motivo de orgulho. Estar à frente, defendendo os produtores e ter esse crédito por parte deles, que é uma grande responsabilidade. Então, eu sempre falo, a vida da gente é corrida. E as pessoas falam, você tem que tirar um tempo para você. Eu falo, é legal. Só que eu fiz um compromisso com 9 mil associados. Então, eles estão à frente disso sempre. Eles não podem esperar se eu estou bom, se eu estou ruim. O importante é a entidade lutar por eles. E é isso que a gente tem feito. E também, claro, preparando novos líderes na nossa entidade também, que ela sempre tem que estar alinhada com a maioria dos produtores.

MARCELO LUPATINI: Eu também sou paranaense. Meu pai, no início dos anos 80, foi para Lucas do Rio Verde, projeto de assentamento, que é onde começou a cidade de Lucas do Rio Verde. Eu nasci em Palotina e, de colo, já fui para Lucas do Rio Verde. Passamos toda aquela fase de Lucas do Rio Verde, há 40 anos lá em Lucas do Rio Verde, de assentamento. E hoje está essa cidade bonita que está lá. Que nos orgulha tanto, né? Isso. Nós somos pioneiros, fomos uma das primeiras famílias a chegar em Lucas do Rio Verde, mas não somos da primeira leva. É agricultor. E a gente tem uma família muito cristã, a família dos meus pais, a minha família é muito cristã. Então, a gente tem muito aquela questão, a gente tem um sentimento de dívida. Então, a gente ganhou muito, Lucas do Rio Verde deu muito para nós, Deus deu muito para nós. E eu sempre fui lá em casa e meu pai sempre falava que, se fosse possível, participar das coisas da sociedade, tentar retribuir um pouco daquilo, todas as bênçãos que nós temos. Nessa vontade, e eu tinha muita dificuldade de falar em público, de expressar, apareceu a oportunidade de participar da Aprosoja. Tinha alguns amigos que participavam da Aprosoja e convidaram várias vezes. E resolvi participar também da Aprosoja, a Aprosoja Academia de Liderança, e conhecendo os outros delegados, conheci o Lucas lá também na Aprosoja, e vários amigos que temos e conversamos direto, grandes amigos. Nessa questão, destacou um pouco o meu trabalho de delegado e coordenador no núcleo de Lucas do Rio Verde, da Aprosoja, e os produtores mais antigos da cidade pediram para mim ser presidente do sindicato. E eu confesso que tinha um pouco de preconceito no sindicato, não vou negar que eu tinha um preconceito. A palavra sindicato é uma palavra que não me trazia algo bom, devido à história. Mas comecei a participar do sindicato, na diretoria do sindicato, não como presidente, e comecei, quando me coloco a fazer alguma coisa, eu não consigo ficar paralelo. Eu vou e me entrego e faço, e comecei a gostar do sindicato. Mais para frente, o convite para ter essa mudança de geração em Lucas, nós tínhamos a geração pioneira de Lucas, que sempre tocou o sindicato, e esses pioneiros vieram com um convite para mim, por Thiago Simpa, que hoje é o presidente do sindicato de Lucas do Rio Verde, para nós assumirmos, a nossa geração, assumirmos a frente do sindicato e darmos essa continuidade ao trabalho que eles fizeram. Aceitei. E até tem uma brincadeira que a gente brinca hoje com os presidentes. Tem gente que gosta de pescar, tem gente que gosta de caçar, tem gente que gosta de ficar em casa. A gente gosta do sindicato. Domingo em reunião, sábado em reunião. Então, é interessante. Esse trabalho no sindicato, esses três anos que fiquei à frente do sindicato, conheci muito o presidente Bilmonte, a diretoria da Famato, e veio o convite, quando estava acabando o meu mandato lá, de assumir o Senar Mato Grosso. Só para explicar um pouco para vocês, o Senar Mato Grosso faz parte do sistema Famato. O sistema Famato, hoje, faz parte da CNA, que é a principal entidade representante do agronegócio no Brasil. A Famato do Mato Grosso, hoje, representa todas as cadeias. E o Senar é o braço de capacitação social. Sendo que, dentro da Famato, temos a Agrirub e o Imea ainda. Então, a parte nossa, essa capacitação social, para mim, é uma novidade. Hoje, ele está presente em todos os municípios do estado do Mato Grosso. Nós temos muita gente para todos os lados. E tem uma missão muito bonita, que é a parte que eu gostei, que tem a ver com meus valores, com os valores que eu aprendi em casa. Então, o Senar representa tudo isso. Eu sempre falo para a minha equipe, trabalhar no Senar é um privilégio. Porque você recebe um bom salário para ajudar as pessoas. Isso não tem lugar melhor para trabalhar, eu acho que, no mundo, do que esse. Então, estou muito feliz à frente. Estamos tentando colocar a visão do produtor rural, a visão que nós temos do médio produtor, à frente do Senar, para atender. A gente entende que o Senar ainda deve para esse produtor, que é o que paga mesmo. O produtor de grãos é o que paga. Hoje, nós temos um foco muito grande em cultura familiar. E estamos tentando também atender esse produtor, que é o que paga o Senar. Então, nós temos que devolver isso para ele.

CAMILA CARPENEDO: É legal que a gente ouviu um pouco também aqui, nas trajetórias de vocês dois, sobre esse legado familiar, que vocês estão levando adiante. E eu acho que é legal a gente falar, Bruno, que a gente já tratou bastante nos episódios anteriores, daqui do Raízes Ouro Verde, sobre o início da nossa cooperativa. A gente contou muito sobre esse legado. E cooperativas que tiveram a origem no agronegócio. Então, essa relação com o agro, com os agricultores, é uma relação de 35 anos, aqui na nossa Sicredi Ouro Verde. Então, eu queria primeiro ouvir um pouquinho de vocês, de como que vocês enxergam essa necessidade que houve de união desses produtores, desde lá do início, na criação, seja dos sindicatos nos seus municípios, seja das associações, da Aprosoja, seja das cooperativas. E como que isso acabou impactando nesse desenvolvimento do agronegócio de Mato Grosso, hoje, tão forte, tão pujante.

LUCAS COSTA BEBER: Bom, como eu falo, hoje o mundo está muito mais fácil. Na época que eles chegaram, só para fazer uma ligação telefônica, tinha que andar mais de 100 quilômetros para ir em um posto, fazer uma ligação. Então, hoje está muito mais fácil, muito mais evoluído. E o crédito, por si só, até hoje é um desafio. Na época, então, nem se fala. Então, claro, os produtores se uniram, ali em Nova Mutum mesmo, quando nasceu a Sicredi, como falava, a CrediMutum. Na época era justamente essa dificuldade que os produtores tinham. Inclusive, a gente conta essa história, Marcelo, que chegou, o pessoal do sul, muita gente voltou, porque não conseguiu, chegava aqui sem nada, com a cara e coragem. Muita gente passou fome, dificuldade. Alguns conseguiram superar, outros tiveram que retornar. E, de fato, eles viram que era só se unindo para poder fazer. Então, assim como as cooperativas de crédito, e a Sicredi é uma pioneira mesmo na região, foi com as associações, como foi a Federação da Agricultura, os sindicatos, lá na década de 50, 60, acho que foi que iniciou, não é, Marcelo? 60 anos. Depois, a Aprosoja Mato Grosso também, agora completando 20 anos, foi sempre essa necessidade da união. Sozinho, a gente fica difícil, por mais que você tenha força. E, quando você se une, você traz um emaranhado de ideias, um encoraja o outro, acaba ajudando. E é isso que nós temos visto. Ali em Nova Mutum tem Seu Alcindo Jere, que foi o primeiro presidente, é uma pessoa que eu admiro muito, se dedicou muito também para a sociedade. Seu Alcindo já foi quatro ou cinco vezes vice-prefeito de Nova Mutum, e se dedicou à Sicredi, outras entidades, à Famato, à Federação, foi presidente do Sindicato Rural. Então foram essas pessoas que lideraram, mas eu falo que um bom líder, sem uma base, sem apoio também, ele não consegue chegar a lugar nenhum. Então foram essas pessoas que, de fato, tiveram coragem, que lideraram, trouxeram esse pensamento, e as pessoas que acreditaram, e pela necessidade também tiveram que fazer. Então hoje a gente vê, o Estado está cada vez mais crescendo, pujante. Mato Grosso, se fosse um país, seria o terceiro maior produtor do mundo de soja. Uma economia que há 20 anos, é o Estado que tem dado os maiores saltos no crescimento do PIB, no crescimento da economia, o maior Estado com potencial de industrialização, nos últimos cinco anos, a melhora do Índice de Desenvolvimento Humano, os saltos no Índice da Educação, tudo isso é um reflexo de pessoas que vieram, acreditaram, Mato Grosso tem a sua história, tinha mineração lá, depois a pecuária começou e veio a agricultura, e de fato ele se mostrou como um Estado que tem essa vocação, e quando se fala em potencial de industrialização, isso também é devido à agricultura, por essa vocação, Marcelo, de ter um clima muito abençoado, favorável, de se poder fazer duas safras por ano, só que esse pessoal precisava de recursos, sem dinheiro ninguém faz nada, e havia uma grande dificuldade com as instituições privadas, e essas cooperativas foi justamente isso, se formar uma ideia, um pensamento, e com credibilidade de atrair. Então eu vejo que hoje, da mesma maneira que as entidades ajudam as pessoas, as cooperativas de crédito, e o cooperativismo nós vemos também ele muito forte no Paraná, as cooperativas agrícolas no sul do país, e agora aqui no Mato Grosso parece que está começando também sair do lugar, muitas cooperativas se formando, tem cooperativa já até da industrialização do etanol de milho, que é uma revolução também, e o Sicredi foi uma revolução no crédito, no acesso para os produtores, e eu acho legal a questão da transparência, da democracia que há no Sicredi também, a organização das assembleias, eu falo que às vezes o pessoal, eu falo eu como associado, não porque agora estou na presidência de uma entidade, que as pessoas possam falar, mas desde antes, sempre eles insistiam para nós participar da assembleia, então eu vejo que valoriza isso, e é isso que dá credibilidade, se o Sicredi hoje é uma instituição forte, assim como a Aprosoja, a Famato, foi porque eles tiveram essa credibilidade de fato entregar aquilo que prometia. Eu gosto de puxar a história, eu lembro do começo da dificuldade, igual que sou do crédito, as vizinhanças lá, o meu pai pegava o carona em cima do caminhão, ia para Diamantino, levava uma semana para conseguir falar com o gerente, para resolver alguma coisa, vendia soja por telefone, você vendia a soja por telefone, e o interessante é que todo mundo cumpria. Exato. Não tinha nem papo, era por telefone, levava. A revolução foi o fax ainda, que apagava três meses depois. A comunicação era a rádio de Brasília, a Rádio Nacional do Brasil, para saber as novidades, a rádio de Ipiranga. Então, essa dificuldade, depois dessa fase, chegou o Banco do Brasil, em Lucas do Rio Verde, e muitos estavam com dificuldade de ter crédito, porque o Banco do Brasil não via o produtor rural como uma pessoa, o produtor, não vou falar o nome do meu pai, o produtor Aurélio Lupatini, ele não enxergava, até hoje eu acho que ele não enxerga. E o Sicredi veio dessa dificuldade, eu lembro deles passarem o chapéu, o meu pai conta, o senhor Ledir conta direto essa história, vendendo soja verde, o pessoal vendeu para fazer a cooperativa, então, de um lugar que não tinha dinheiro, faltava, a turma arrumou dinheiro para começar a montar a cooperativa, para conseguir atrair esse dinheiro para fomentar a agricultura no local. E o Sicredi cresceu dessa necessidade, que nós tínhamos e temos ainda, muita necessidade, e se tornou o que tornou. Então, eu vejo essas pessoas lá atrás, eu sempre falo que toda vez que o produtor rural é apertado, e põe contra a parede, ele sempre acha uma solução. Eu não sei como é que pode. E a nossa região, é o primeiro a gritar, já notou? Lucas, Sorriso… Mas foi uma região, né, Marcelo? Perdão, só interromper, que no passado justamente mais enfrentou dificuldades. Se nós olharmos nesse aspecto, Mato Grosso, a logística, tudo, é o estado mais sofrido. E é aquela história, tempos difíceis criam homens fortes, pessoas fortes. Isso mesmo. Então, de lá, sempre os primeiros a gritar, tudo que é para dar o primeiro problema, eu tenho a impressão, que dá naquela região ali. Só que a solução vem dali também. Nós tínhamos, falando, a união dos produtores, a união, as ideias, de quem é atrás de solução, a questão das usinas de etanol, só citando um exemplo, nesse dia nós estávamos vendendo milho abaixo do custo de produção. Aí foram uns doidos dar umas voltas para fora e ver o que tinha no mundo e conseguir atrair um investidor para a primeira usina de etanol. E daí nós estamos vendo essa revolução que está tendo. E o Sicredi foi algo muito parecido. Fazer ideia hoje, nós, a minha família, hoje não tem conta em outro banco. Nós só temos conta no Sicredi. Toda a nossa movimentação lá dentro. Por quê? Porque nós entendemos que por mais que o Sicredi ainda cresceu, isso nós temos que cuidar para não perder essa identidade, ainda você é visto como aquele produtor rural associado de 40 anos, aquele produtor correto, aquelas coisas. Então, assim, e quando passam as fases difíceis, também que igual nós estamos vivendo hoje, que a conta do produtor está difícil de fechar, nós sabemos que no Sicredi se se apertar, nós vamos ter um parceiro lá. Porque o sócio não é só na boa. Nós somos sócios. Exato. O sócio é na boa e na ruim. E essa questão do Sicredi voltar de volta para a sociedade uma parte do valor para ações boas, vários programas muito bons que tem, isso para mim faz diferença, essa questão. Investir de volta no local de trabalho, transformar aquela sociedade em uma sociedade melhor. Quando eu estava à frente do sindicato, o grande parceiro do sindicato nas ações sociais da cidade sempre foi o Sicredi. Era só chegar e conversar lá, já tinha um entendimento. Se o sindicato está botando a mão e acha que é importante, é importante para nós também. E hoje, no Senar que eu vejo, em todos os sindicatos do Estado que a gente faz, o grande parceiro do sindicato, hoje, do produtor rural, é o Sicredi. Você vai ver todos os eventos, todas as coisas importantes que nós achamos, o Sicredi está sempre junto. Em todos os locais. Então, parabenizar e pedir que continue essa linha. Nós não podemos crescer demais sem criar essa identificação de uma cooperativa local, de uma cooperativa que sabe quem são os clientes delas, olhando o olho no olho e sabendo o nome. Nós não podemos virar números só. E pioneira, né, Marcelo? Chegou no momento da dificuldade. Com certeza. Depois que as coisas estão arrumadas, é mais fácil para quem chega. Mas ter aquela iniciativa, iniciá-la atrás, essas pessoas, de fato, é algo que é histórico para o nosso Estado e para o nosso setor. Eu nunca vi um banco querer fazer um produto e chamar o sindicato rural. Quando eu estava lá, vários produtos que o Sicredi pensava, vinha chamar o sindicato. Não só o de Lucas, mas os outros também. O que vocês acham desse produto? Faz sentido? Faz sentido para vocês? A gente reunia o sindicato, o presidente, alguns produtores, ia lá discutir. Tinha produto que era descartado ali mesmo, e tem produto que seguiu frente para a próxima etapa. Então, tem os associados, tem os grupos de trabalho, os coordenadores. Isso é importante. O Sicredi está para servir à necessidade daquela comunidade. Essa é a grande função. Com a forma de crédito de qualidade, com o crédito em uma condição viável e também para orientar essas pessoas com capacitação, questão financeira, que o Sicredi tem, aqueles projetos nas escolas, incentivar a sair novos negócios, com os patrocínios que o Sicredi faz de feira e entre outros produtos. Então, é um trabalho muito bonito, onde me inspiro muito no Sicredi. A gente conhece o Sicredi de perto, sou coordenador do Sicredi também. Vou em poucas reuniões, estando aqui para a reunião de Lucas não está fácil. Mas, assim, a gente se inspira muito no trabalho e a gente fala. Até no Senar hoje, quando estou na frente de decidir algumas coisas, tem muita coisa que pego e peço no Sicredi para a gente colocar em prática, para o Estado todo, no nível do Senar. Muito bem. Isso fala muito dessa relevância, né? A gente está trazendo aqui toda essa história que vocês trouxeram, reflete nessa relevância e reflete também no trabalho da cooperativa e no trabalho das entidades que vocês representam. Então, vamos falar um pouquinho mais delas. Quais são as principais frentes, então, de atuação do Senar, da Aprosoja? Como é esse trabalho, para quem está nos acompanhando, entender realmente, de fato, qual é essa atuação e com quem vocês estão diretamente ligados?

MARCELO LUPATINI: O Senar tem alguns cursos de capacitações de poucas horas. Temos mais de 250 capacitações. Isso vai atualizando. Tem cursos que nós vamos tirando da prateleira, que já não faz muito sentido, e cursos que o pessoal vai pedindo para nós. Quem pede para nós? Produtores rurais, através de sindicatos, pede, estou precisando de um curso para motor de barco, porque nós estamos atendendo também agora rampa e escultura. Nós estamos atendendo através das nossas técnicas. Então, nós vamos atrás do que tem melhor da parte de conhecimento técnico para atender esse produtor. Então, nós temos mais de 250 hoje no portfólio. Tem a parte social. A gente faz muitas capacitações sociais. Por exemplo, questão de corte e costura. Então, a gente tem muitos cursos. Atendemos até dentro de presídios. Hoje, nós temos uma parceria com o Ministério Público. E o que as prefeituras pedem para nós, se o sindicato acha relevante, a gente também forma essas capacitações e atende. Hoje, o nosso principal produto de capacitação é a ATeG, Assistência Técnica e Gerencial. Hoje, nós estamos em 8 mil propriedades, estamos dentro, dando a assistência técnica e gerencial. O que é isso? Nós vamos lá, por exemplo, nós temos lá na nossa região, em Lucas do Rio Verde e Nova Mutum, nós temos a ATeG Grãos, o produtor de grãos. A gente vai lá ao agrônomo, ele faz o levantamento da lavoura. O cara faz lá, se tem lagarta, se tem cerveja, questão de mato, faz todo esse levantamento. Ele dá uma olhada na propriedade do produtor e vê se, por exemplo, sugere uma NR, se precisa fazer a questão do maquinário, EPI, e vai conversando com o produtor nessa questão. E no escritório, aí nós vamos para a parte gerencial. O nosso grande foco é o gerencial. Hoje nós vemos que tem produtores que movimentam 10, 20, 30 milhões na nossa região, Lucas, e não tem um software de gestão, não tem um escritório montado. Eu falo que ainda estão na época da caixa de sapato, costumo dizer. Porque antigamente era da caixa de sapato. Então ele vai pondo as notas na caixa de sapato, vai coisando e joga para o contador. Algo que não é possível no cenário hoje. Qual que é o entendimento do Senar? Com essa nova reforma tributária que vai ter, quem fizer isso vai ter que sair fora da atividade. Não vai continuar. Não tem como continuar se você não tiver um escritório organizado. Então o Senar ensina essa parte de gestão. Desde o começo, o Biabá, são três anos que nós ficamos dentro da propriedade ajudando ele, e ainda orientamos com os serviços que nós temos, e sempre, claro, sugerindo a ele aproveitar melhor o que o sindicato rural tem, o que o Senar tem, o que a Famato tem, o que a Agrirub tem, o que o Imea tem. Nós temos muita coisa para ajudar ele. Então aqueles produtores que querem evoluir, que querem melhorar, que querem se profissionalizar, nós temos o Senar do lado para ajudar ele. Os que não querem, não tem o que fazer. Isso daí a gente já faz uma pré-seleção, se você não aceita, fica lá, espera ver o que acontece, e o destino é de cada um. Não tem muito o que fazer fora isso. Da parte social, nós temos hoje mutirões rurais no Estado todo. Temos dois por sindicato, então é 95 sindicatos vezes dois, e mais alguns especiais, que é alguma parceria, às vezes com órgãos de governo, alguma coisa que pede para nós dar uma mão. Então é muitos mutirões rurais, onde nós fizemos atendimento oftalmológico, exame de sangue, entre outros atendimentos. Nós temos também a parte da ATeG Saúde, onde nós estamos indo nas comunidades rurais, até então, que tem uma agricultura familiar, mas fraca e tal. Nós estamos indo com enfermeiros, fazendo atendimento básico de saúde. Para fazer ideia, é questão de dentista que nós estamos atendendo os mutirões. Tem muitos lugares que o pessoal, há 20 anos, nunca foi no dentista. Tem um monte de problemas de dente, pressão alta, crianças desnutridas. Nós estamos focando muito nessa área de saúde também. Questão da equoterapia, nós temos 38 equoterapias, parcerias, nós ajudamos a manter as equoterapias no estado do Mato Grosso, com uma média de 30 a 50 atendimentos por mês. Crianças especiais, depressão, mulheres com dificuldade, que tiveram problemas de feminicídio. Tem muitos casos. Eu fui visitar vários, e os que eu fui, eu chorei toda vez. Você vê como é bonito esse trabalho, o que nós estamos fazendo. Eu falo assim, quando nós chegamos em uma cidade, nós somos o maior comprador de óculos do Mato Grosso. Nenhuma prefeitura consegue atender tantas pessoas que nós, através do mutirão, atendemos. Nós temos o Cine Senar, que nós vamos nas comunidades mais distantes dos centros, dos grandes centros, e falamos um pouco do agronegócio para eles e passamos algum filme, alguma coisa do momento, e distribuímos pipoca, balão, guaraná, essas coisas. Nós somos os maiores. Distribuímos 4 toneladas de pipoca em saquinhos, já prontas para as crianças no estado todo. Esse ano eu me assustei com o número. Até agradecer ao parceiro nosso, Primavera do Leste, que doou essa pipoca para nós, para nós doarmos para as crianças. Fizemos aquela alegria. Então, tem crianças que nunca foram ao cinema, não sabem o que é. Aí elas vão lá. Isso dá 300, 400 pessoas quando dá esse evento. Da parte social, deve ter mais algum programa que eu não estou lembrando agora. Capacitação. Fora as ATeGs e a FPR, nós temos também uma parceria com o Senai hoje, onde a gente forma, por exemplo, mecânicos em máquinas pesadas. Nós temos muita dificuldade em algumas áreas hoje, nas fazendas. Essa, por exemplo, é o torneiro, mecânicos em máquinas pesadas, as fazendas grandes, operadores com alto gabarito. Está faltando hoje no campo, Lucas. Então nós entramos e fizemos essa capacitação em parceria tanto com as fazendas como com o Senai, uma capacitação de anos, onde nós formamos, por exemplo, ali na ATO Sementes, em dois anos nós já suprimos toda a necessidade da fazenda e da região lá. E está sobrando já a mão de obra para mandar para os outros municípios. Então, o Senai é muito grande, tem muitos programas. Nós temos uma escola agrícola Ranchão, está sendo falado em Mutum até, em Lucas, onde nós temos cento e poucos alunos lá. Nós formamos técnicos agrícolas. Estamos abrindo o Centro de Excelência em Tangará da Serra, onde nós queremos formar técnicos de qualidade, principalmente nessa questão de gerentes de fazenda. O Lucas é o nosso grande foco lá. E também técnicos para o próprio Senar. Hoje a maior dificuldade que o Senar em Mato Grosso tem são técnicos para trabalhar conosco. Nós temos pouca mão de obra até para trabalhar conosco hoje no estado, então nós temos que formar a mão de obra para trabalhar conosco. Está desse jeito. É uma análise rápida, é isso mais ou menos a função do Senar hoje.

LUCAS COSTA BEBER: Bom, como eu falei, a Aprosoja, esse ano, completa 20 anos, mais de 9 mil associados no maior estado produtor de soja do Brasil e do mundo, assim como de milho, e é claro, a entidade ela nasceu lá, quando nós tivemos os anos de 2004, 2006, aquela crise, em 96 tivemos o grito do Ipiranga, e foi ali naquela época que a Aprosoja estava nascendo, justamente pela necessidade de ter essa união dos produtores e de poder dialogar, não cada vez que nós tínhamos um problema ir lá e fazer manifestação, trancar a BR, e aí com o passar dos anos a entidade foi se organizando, hoje tem um dos treinamentos que nós temos dentro da nossa entidade, que se chama Academia de Liderança, que evoluiu desde lá, e cada vez nós viemos formatando, eu mesmo, como eu fui delegado e fiz a academia, eu contribuí para ela evoluir também, e assim sucessivamente, e ela tem preparado pessoas, tanto para estarem na direção de entidades, até mesmo mais preparadas para a política, entender a complexidade de tudo isso, da necessidade, porque eu falo, a entidade não é político-partidária, porém ela é político-classista e precisa conversar com o setor político. Então ontem mesmo eu cheguei, era quase meia-noite de Brasília, que nós estávamos tratando justamente da questão do marco temporal, que inclusive a aprovação da lei teve uma grande atuação da Aprosoja, também da CNA e as federações, todas as entidades representativas, mas a Aprosoja, de fato, ela tem se aprofundado em termos técnicos e de consultoria, tanto em Brasília como aqui em Cuiabá, nós somos divididos em comissões, então nós temos a Comissão de Logística, um dos projetos que a Aprosoja fomentou, inclusive foi um dos que bancou esse projeto, é o da Ferrogrão, que vai ser uma ferrovia que é um divisor de águas para o transporte não só de Mato Grosso como do Brasil, hoje estima-se que 3,4 milhões de toneladas de carbono deixarão de ser emitidas com a Ferrogrão, nós iríamos economizar mais de 8 bilhões em frete por ano, o dinheiro que ficaria aqui no Mato Grosso, e só o valor injetado com a construção da Ferrogrão na economia ultrapassaria 60 bilhões, e nós estamos atuando fortemente até que aconteça de fato a concessão e a execução do projeto da Ferrogrão, então um exemplo é a Comissão de Logística, que atua nisso e também nas estradas aqui do nosso estado, sempre que há problemas ou projetos que são prioritários a Aprosoja está participando e contribuindo, tem a política agrícola que é justamente isso que eu falava ontem, então essa semana também tivemos uma grande vitória, havia três ações impetradas no Cade sobre a interferência na livre concorrência da moratória da soja, uma ação da CNA, uma ação da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, e também uma ação da Aprosoja Mato Grosso, unificaram essa ação e essa semana nós conseguimos, Marcelo, essa vitória lá, a Aprosoja mesmo investiu recursos grandes jurídico e técnico para fazer essa atuação, assim como as outras entidades, que acredito que é um grande passo, se Deus quiser vamos derrubar essa injustiça porque ela viola a soberania do nosso país, temos a Comissão de Sustentabilidade, um exemplo foi o Código Ambiental Brasileiro, que foi graças a essas entidades, a Aprosoja teve uma forte atuação na época, temos aí também a nossa Comissão de Defesa Agrícola, que trata, tem por exemplo essas polêmicas aí de distância de aplicação, tudo que vem na parte técnica ela atua, inclusive hoje nós temos os dois maiores centros de pesquisa independente do Brasil, é da Aprosoja, um é focado para solos arenosos e outras demandas, e outro para solos siltosos, um no Vale do Araguaia, que temos um potencial de solos de silt em mais de 4 milhões de hectares no estado, convertendo pastagem em lavoura, e nós temos de arenosos no Parecis, que é um solo que tem uma dificuldade maior, então nós desenvolvemos sistemas, não só buscando a produtividade, mas a rentabilidade ao longo dos anos, então tem um trabalho em parceria com o Imea também para fazer os estudos de relevância econômica nisso, e tem contribuído e ali as demandas nós não pegamos e fazemos parceria com empresa para testar um produto como geralmente são a maioria dessas empresas de pesquisa do Brasil, nós fazemos aquilo que o produtor demanda, se tem um produto que tem na dúvida, se traz eficiência, se não traz, a gente vai e testa, então tudo é feito de acordo com a demanda dos produtores. Tem a comissão de sustentabilidade, como eu falei, enfim, várias atuações, tem a parte social, nós temos o Agro Solidário, que hoje atinge praticamente 20 mil pessoas, apoiamos esportes como o karatê, vôlei, aqui ajudando crianças carentes a saírem das ruas, está no esporte, apoiamos o Hospital do Câncer, o Cridac aqui, já vários equipamentos nós doamos aqui dentro do Estado para ajudar na reabilitação de pessoas, temos um projeto com o Ministério, com a Justiça aqui do Estado, o Tribunal de Justiça aqui do Estado, na recuperação de egressos, fazendo cursos profissionalizantes, ingressando eles, incluindo dentro do mercado de trabalho, enfim, diversos projetos que a Aprosoja desenvolve nessa área social, mas de fato ela tem lutado e representado o produtor, as nossas assembleias, assim como o Sicredi, todo nosso associado, recebe a convocação por e-mail, nós disparamos nos grupos de associados da Aprosoja, massivamente convocando, as comissões também têm as suas reuniões, que é aberto a qualquer associado se inscrever, participar e contribuir, ou seja, busca ser uma entidade democrática, e nós temos atuado assim de forma técnica, buscado aquilo que é de melhor, porque não adianta você só movimentar, lutar, digamos assim, se posicionar, você de fato tem que atuar, e a Aprosoja tem buscado cada vez mais nos últimos anos grandes vitórias. Tem que destacar que a Frente Parlamentar da Agricultura existe há muitos anos, ela estava lá em Brasília, porém era os deputados que se reuniam lá, não tinha atuação, e a Aprosoja foi uma das entidades que de fato estruturou a Frente Parlamentar da Agropecuária, e hoje mais de 50 entidades fazem parte dela, mas a Aprosoja foi de fato aquela que tomou a frente, organizou, através do Instituto Pensar Agro, que as entidades se reúnem, sempre que tem as reuniões do IPA, no mesmo dia tem os almoços com os parlamentares, para justamente se levar às demandas daquilo que foi discutido pelas entidades para trabalhar políticas. Então hoje, se nós temos uma Frente Parlamentar da Agropecuária forte, estruturada, também ela deriva de uma entidade forte, organizada, que foi a Aprosoja, que teve forte atuação nessa. Eu gostaria de contribuir no contexto, porque imagina um governador tomar uma decisão que vai afetar a principal fonte de renda do Estado do Mato Grosso, que é o agronegócio, se não tivesse essas entidades fortes, e o Mato Grosso é o Estado hoje que tem as entidades mais organizadas, várias entidades fortes e organizadas. Então o governador, toda essa parte política, um juiz que está lá com o Legislativo, com o Judiciário, para eles poderem ver aquela decisão deles, para medir com as entidades o que vai afetar vocês se fizer essa decisão. Então essa é a grande função que nós temos, o Senar faz a parte de capacitação e social, porém a Famato, a Confederação, a Aprosoja, tem a Climate e outras entidades. Se não tivesse essas entidades, o produtor rural, com certeza, talvez hoje estaria até inviável estar no Mato Grosso, pelo menos um ano de crise desse. Ano que tudo está dando certo, está bom, mas as entidades servem como um guarda-chuva, a gente fala. Claro. Porque estão ali do lado, a hora que detecta que tem alguma coisa que vai afetar o produtor, elas vão lá, olham o que vai afetar o produtor, com argumentos, com equipe técnica. Então isso tudo tem que ter entidades fortes, organizadas, com recurso, e com os produtores também, eles têm que chegar nos sindicatos e nos núcleos da Aprosoja, que é dentro dos sindicatos também, trabalhamos junto, eles têm que chegar lá e quando estiver sentindo alguma dor, alguma coisa que está errada, eles têm essa pressão de passar para o sindicato e para o núcleo, para chegar nas entidades e para a gente fazer essa representatividade. Isso, nós temos hoje, dentro da Famato, também nós temos a questão do Fórum Agro, que a gente reúne, conversa com as entidades, tem as reuniões com a Assembleia do Estado, a Aprosoja participa também da reunião, onde os deputados ouvem também as demandas do campo. Então assim, o Mato Grosso, graças a Deus, ele é forte, não só pelo clima, por tudo que é bom, mas por causa dessa organização que os produtores têm através das entidades que os representam. Então isso é muito importante.

CAMILA CARPENEDO: Com certeza, sim, são atuações muito voltadas para atender essas necessidades e para um olhar para o desenvolvimento ainda mais do setor. Então eu queria entender de vocês, na visão de vocês hoje, quais são os principais desafios que o setor tem enfrentado em Mato Grosso, mas já com um olhar de oportunidades, um olhar de o que a gente ainda pode evoluir a partir disso que vocês vêm desenvolvendo.

LUCAS COSTA BEBER: Bom, foi até algo que eu esqueci de falar antes. Eu acredito que o maior desafio hoje se chama comunicação. Nós sempre vamos ter crises, nós sempre vamos ter pessoas contra o nosso setor, tem muitos anos para corrigir o gargalo logístico de Mato Grosso, mas, sem dúvida, é a comunicação. O nosso setor é pouco compreendido, as pessoas dos grandes centros têm aquela visão daquela agricultura mais rudimentar, lá da década de 50, 60, que se queimava a palhada para poder plantar lá no sul, a palhada de trigo para limpar a lavoura, não tinha ferramentas, tecnologia. Hoje, o Brasil, o Mato Grosso, nós desenvolvemos a agricultura mais sustentável do mundo, isso não é falácia, isso é fato, o sistema de plantio direto que hoje está presente em mais de 30 milhões de hectares aqui no Brasil, que é as duas safras por ano feita, sem o revolvimento do solo. Hoje nós temos estudos da Esalq, que é a maior faculdade, a mais antiga de ciências agrárias do Brasil, e também da Embrapa, que comprovam que de tudo que a gente emite, tudo que resgata, nós temos um saldo de 1,6 a 1,9 tonelada de carbono por ano. Lugar nenhum do mundo faz isso. Nós usamos alta tecnologia para o melhor aproveitamento da terra, quando eu falo de um centro de pesquisa, ele não só traz mais eficiência e rentabilidade para o produtor, ele também traz sustentabilidade, porque você aproveita melhor os recursos que você já tem disponível, você usa, digamos assim, menos terra para produzir mais com a tecnologia. Então tudo isso vem a agregar, só que não adianta fazer isso sem a sociedade saber. Quando nós vamos lá em Brasília tratar de um gargalo, um problema que nós temos, não adianta se o político, a opinião pública não entende e não apoia. O político, o judiciário tem um forte peso a visão da sociedade sobre isso. Então nós temos trabalhado, a Aprosoja Mato Grosso tem investido bastante, eu participei esse ano do Fórum de Lisboa em Portugal. Pude palestrar para centenas de desembargadores, juízes, advogados, membros do Ministério Público que foram para lá absorver, e nós fomos para lá levar informação, inclusive a moratória da soja foi um assunto discutido, e depois ter a oportunidade de conversar com eles, deles falar. Eu não tinha noção do que era isso, do que causava, de fato o que vivia, de mostrar o impacto social também, porque a agricultura sempre teve aquela visão de lutar pelos problemas, de falar dos problemas dela, daquilo que ela faz de bom, mas ela esqueceu de falar o que ela traz também de positivo do impacto social, que no início eu falei aqui do desenvolvimento de Mato Grosso. Durante a pandemia, para se ter noção, o Brasil decresceu a economia a todos os estados, só dois conseguiram crescer, e Mato Grosso cresceu praticamente a ritmo chinês durante a pandemia, porque por conta da produção de grãos nós, mas a sociedade não sabe. Eu estava vendo ontem, em uma publicação, os comentários das pessoas falando, a soja é produto de exportação, eu não como soja, como que não? Como que você produz ovo, produz leite, produz carne, se não é usar o farelo de soja, que é a fonte de proteína, porque o animal não fabrica a proteína, o animal converte, ou ele comenda outra proteína animal ou vegetal. Então a fonte mais rica que tem hoje disponível comercialmente de proteína é a soja, ela tem mais do que o dobro de um bife, praticamente, de proteína, e é ela que faz essas proteínas. Só que a sociedade não conhece isso, então nós temos trabalhado, hoje as redes sociais têm ajudado bastante, então nós temos usado como uma ferramenta, hoje tem impulsionamento, tráfego pago, nós estamos divulgando dados de sustentabilidade do Brasil na Europa, nós temos posts que só na Europa tiveram mais de um milhão de visualizações, levando essa questão do sequestro de carbono, as pessoas não têm noção de reserva ambiental, né, Marcelo? Um exemplo é o crédito, se você tiver qualquer irregularidade ambiental no Brasil, você não obtém crédito, as pessoas não têm noção disso, hoje no bioma amazônico o produtor é obrigado a preservar 80%, as pessoas não sabem disso, então tudo isso nós temos feito um trabalho.

MARCELO LUPATINI: Marcelo, tudo isso que você falou vai muito das perspectivas de futuro, do que se espera, para onde vamos, e eu acho que dá para a gente entrar nesse ponto, começar a falar dessa questão de futuro, falando e pensando em inovação, como já foi dito, em sustentabilidade, como já foi dito, mas isso tudo com o apoio da cooperativa, com o apoio da Sicredi Ouro Verde, o que vocês imaginam, o que vocês projetam de futuro, de que maneira a cooperativa pode estar presente nisso para superar e atingir esses objetivos? Eu acredito que as premissas que a gente falou, elas permanecem, porém evoluem, como eu falei, esse potencial industrial, a agroindústria, as cooperativas, um exemplo são as usinas de etanol que estão nascendo aí, nós temos um potencial de industrialização, essa parte de produção de carne, em pouco tempo acredito que nós vamos ultrapassar Santa Catarina na produção de carne de porco, de frango, o etanol de milho tem sido fantástico, e às vezes um pequeno produtor sozinho não vai conseguir fazer, então as cooperativas vão propiciar isso, porém vai se precisar crédito para isso, trabalhar por linhas de crédito, eu acredito que às vezes também, como diz, veio agora na cabeça uma cobrança de todos nos posicionar, nós temos a questão do equilíbrio fiscal do nosso país, que é um dos motivos da inflação, então normalmente quando a gente procura criticar, seja as políticas públicas, qualquer coisa, a gente procura criticar de forma construtiva, e eu acho que isso também o setor bancário deve cobrar a união dos bancos, das cooperativas, das cooperativas de crédito, para que de fato haja um olhar de toda a nossa nação pelo futuro do país, vê o que as outras nações estão fazendo de certo e fazer, porque hoje por mais que o Sicredi, qualquer banco privado, esteja bem posicionado, bem intencionado, a gente sabe que um crédito alto dificulta para as pessoas acessarem ele, e acaba travando investimento e desenvolvimento. Já é, dias atrás já vi várias matérias falando, pessoas, analistas econômicos se posicionando como o Mato Grosso maior potencial industrial do Brasil, que nós temos daqui para frente, e para isso vai precisar de crédito, então nós temos que ter essa visão para as empresas, a fomentação, eu acredito que tudo anda junto, a educação, eu sempre uso para mim, que vim lá da região noroeste, eu olho, tem a Kepler Weber, por exemplo, que é uma empresa lá em Panambi, a Kepler Weber praticamente é a mãe de todas as outras empresas de armazenagem que existem no Brasil, e nasceu da qualificação, o Senai lá, habilitou pessoas, essa pessoa conseguiu um crédito em um banco, dali a pouco ela sai da empresa para ser autônoma, trabalhar, ela acaba criando outra pequena empresa, que acabam virando outras Kepler Weber, e isso se expandiu para o Brasil, e hoje nós temos uma demanda, o Brasil esse ano deve produzir algo em torno de 320, 330 milhões de toneladas de grão, nós armazenamos apenas dois terços, menos de dois terços dessa produção, aqui no Mato Grosso nós vamos superar 100 milhões de toneladas, armazenamos algo em torno de 52, 53 milhões, então um déficit de praticamente 50% de armazenagem, então ali tem um potencial também muito grande de se crescer, de se fazer dentro do Estado, e lembrando que quando o produtor faz isso, também gera mais emprego aqui dentro, o Mato Grosso importa trabalhadores aqui dentro do Estado, já para a nossa agroindústria, vem muita pessoa do Nordeste trabalhar em fazendas, trabalhar em frigoríficos, então é justamente todo esse contexto, é o reconhecimento da sociedade, é a informação que as pessoas às vezes acusam, um exemplo a Ferrogrão, que ela vai prejudicar o meio ambiente, na verdade todo o traçado dela é dentro da BR-163, não passa dentro da reserva do Jamanxim, vai diminuir a emissão de carbono, e isso também, eu vi um vídeo até numa das apresentações no ano passado, uma cooperativa de crédito concorrente me convidou para fazer uma palestra lá em Mutum, mas é legal uma cooperativa, e até o seu Alcindo estava nessa palestra, lá ele ficou deslumbrado, depois eu mostrei um vídeo, Marcelo, lá do meio oeste americano, que também fica no centro do país, saindo um trem assim, carregado de colheitadeiras, não parava de passar a colheitadeira, e Mato Grosso aqui é o maior estado produtor, nós temos potencial para fazer essa industrialização, mas nós precisamos ter a linha de trem que leva essa máquina, nós precisamos do trabalhador qualificado que vai trabalhar nessa indústria, então tudo isso acaba somando para o desenvolvimento, então eu falo que o Sicredi somou lá no começo, ela e outras instituições somaram para que Mato Grosso chegasse aonde chegou, os nossos municípios, quando a gente fala de Mutum, Lucas, que é o berço do Sicredi Ouro Verde, são os municípios hoje que têm o maior índice de desenvolvimento humano do Brasil, têm um desenvolvimento, e vai ser assim daqui para frente, então nós temos que ter esse olhar para aquilo que vai justamente industrializar essa produção nossa. Novamente falando, teve a guerra comercial Estados Unidos e China em 2019, ela trouxe uma coisa positiva para os Estados Unidos, os dois maiores exportadores internacionais e para a China era Brasil e Estados Unidos, com o fechamento do mercado para a China, eles de forma forçada tiveram que industrializar, hoje parte do meio oeste americano, a soja e o milho nem saem mais de lá, porque se não falta, eles têm que pagar mais caro ainda para alimentar aqueles animais, para fazer o etanol e para a indústria absorver tudo aquilo lá, e é o sonho que Mato Grosso um dia chegue assim, então a gente tem que estar preparado para esse futuro. Eu vejo, eu faço parte de um grupo de compra e cooperativa, que virou uma cooperativa em Lucas do Rio Verde, lá o grupo Boa Fé, e aí nós estamos já com 15 anos com esse grupo, Lucas, e se fosse possível a gente dar uma ideia para o Sicredi, é na mesma linha do Lucas, incentivar cada vez mais os produtores a se organizarem em cooperativa. Eu vou contar um pouco da nossa experiência, esse grupo aí, a gente era uma turma desconhecida da infância na cidade, a gente ia no calçadão lá, de vez em quando, falar da agricultura, quanto que pagou isso, pagou aquilo, e começou o grupo nessa troca de ideia, resolvemos oficializar esse grupo como um pool de compra, e agora é uma cooperativa, o que acontece, isso já faz 15 anos, então tem produtores que, digamos assim, eram os formadores de opinião do grupo, hoje já estão os filhos deles entrando, e os outros que aprenderam com aqueles que eram formadores de opinião, hoje são os formadores de opinião do grupo, e já ajudando e dando conselho para os outros, filhos daqueles que ajudaram antes, então assim, virou um negócio que todo mundo um ajuda o outro, então tem anos que o produtor rural está na dúvida do que fazer, às vezes acontece um problema de saúde em casa, o cara não está com cabeça para aquilo, às vezes na propriedade uma dificuldade com mão de obra, entre outras coisas, e quando se faz essas reuniões, o produtor junto, sempre alguém tem uma solução, alguém tem uma ideia, alguém faz assim, faz assado, e todo mundo vai bem, eu vejo que o nosso grupo hoje está todo mundo indo bem, para a cooperativa, fora isso, o lado de estar todo mundo amarrado entre eles numa linha, e mesmo se um colher mal, os outros, um acolhe o outro, porque vira uma família todo mundo junto, então é mais seguro para a cooperativa, eu como associado gosto que a cooperativa coloque dinheiro e faça render a minha cota capital, digamos assim, em lugares que não tenha uma dúvida, uma dúvida que vai receber de volta, então a cooperativa facilitaria isso, e outra coisa, com essa reforma tributária, agora falando mais aqui do conhecimento da federação, com essa reforma tributária que vem em 2033, e a complexidade da operação que vai ser, há uma saída que o produtor rural vai ter para conseguir, digamos assim, ter uma burocracia menor dentro do seu manejo, e aí eu falo médios e pequenos produtores vão ter essa dificuldade de acreditar e tal, seria interessante uma saída cooperativa, então eu falaria para o Sicredi hoje, se fosse dar um conselho para o seu Ledir lá, Ledir, eu sei que vocês falam em cooperativa, mas foque ainda mais e oriente, e mostre em 2033 o que vai acontecer com o produtor se ele não se organizar, e dentro dessas cooperativas, elas se organizando, a gente consegue achar muitas soluções, que nem os americanos fizeram, tem cooperativa lá em Sinop, dos nossos amigos lá, do Billy Bill, da turma lá, e já estão fazendo uma fábrica de etanol, daqui a pouco o pessoal faz uma estrutura para exportação, vai chegar o trem na nossa região, em Mutum, em Lucas vai chegar o trem daqui a pouco, a gente pode se organizar, então daí sai muitas soluções, então se fosse poder dar um conselho para o seu Ledir, muito humildemente, Lucas, focar nessa cooperativa, incentivar o pessoal, e até dispor de pessoas mesmo, para talvez organizar o começo dessa cooperativa, a gente sabe que o produtor que vem trabalhando individualmente, ele tem dificuldade em juntar e dividir o seu dia a dia com os outros produtores, mas esse é um trabalho, acredito que a nossa geração para frente tem mais facilidade de fazer isso, que pode ser alcançado e ajudar muito as famílias e fazer um desenvolvimento, uma evolução muito grande em toda a região, com certeza com coisas novas, inovações.

CAMILA CARPENEDO: E agora então, já nos encaminhando para o encerramento da nossa conversa, Bruno, vocês falaram bastante também, o Marcelo estava falando agora, dessa nova geração do agro, vocês representam essa nova geração do agro de Mato Grosso, vamos fazer esse fechamento deixando uma mensagem para essa geração que está vindo aí, que vai levar o agro adiante, que vai fazer esse desenvolvimento que a gente espera então acontecer, que mensagem a gente deixa para essas pessoas?

LUCAS COSTA BEBER: A gente brinca que a nossa geração é a última boa geração que teve, mas quando você fala com os mais velhos, eles falavam a mesma coisa de nós. A gente sempre acha que o que passou era melhor. Esses dias eu até estava em Mutum com o Paulo Zé, dentro do sindicato lá, e nós tivemos a feira de Mutum, e nós estávamos trocando ideia, eu e o Paulo, achei engraçado. Nós estávamos lá na arena, lá teve a abertura, e o Paulo lembrou, cara, esses tempos passados nós estávamos catando latinha aqui para o lado de fora da arena, não sei o que, eu falei, é verdade, posso ver como é que as coisas mudaram. Ele falou, eu nunca achei que ia estar aqui dentro, eu falei, eu também não achava que ia estar onde eu estou. Nós não achávamos que tínhamos, digamos, esse potencial que nós temos hoje. Mas, assim, todo mundo que tiver vontade de correr atrás, e oportunidades nós temos muito hoje, consegue fazer. Claro que sempre as oportunidades vão vir para as pessoas que querem fazer a coisa certa. Ninguém quer colocar alguém na liderança de alguma coisa, isso começa um sindicato, para fazer um trabalho ruim, para fazer coisa errada. Então, se der essa oportunidade para nós, Lucas, ou porque os outros não quiseram, eu continuo dizendo, não quiseram, aí sobrou para nós, que nem a gente brinca, ou porque o pessoal viu a oportunidade em nós, e nós estamos aqui, estamos fazendo o máximo, o trabalho é muito gostoso, mas é cansativo, igual o Lucas falou, eu vou toda meia noite, para mim também, eu não sei se é no ritmo do Lucas, mas também é puxado, eu tenho que voltar para Lucas toda sexta, e vem segunda-feira de madrugada, e viaja para cá, viaja para lá, mas é prazeroso, para quem tem essa vontade, e a gente precisa de muitas pessoas que se dediquem a ajudar o coletivo. Então, não desistam e venham para cima. Essa é a mensagem. Boa.

MARCELO LUPATINI: Olha, eu vou dar um conselho de necessidades que eu sinto. Primeiro, para a gurizada nova que está vindo, é o mundo está se globalizando, aprendam inglês, essa é a primeira coisa, eu sinto essa falta. Aprendam inglês, de verdade, é a língua universal hoje, é necessário, e nós estamos na era da inteligência artificial, a inteligência artificial tem uma aplicabilidade tremenda no nosso setor, e saibam que beber e comer, todo mundo precisa todo dia, então, produzir alimento sempre vai ser um bom negócio. É claro que as pessoas que buscam ser mais eficientes sempre vão se destacar, o mercado sempre seleciona aqueles que são mais técnicos, mais precisos, e mais, acima de tudo, eficientes. Então, saibam que há um potencial muito grande no nosso estado de industrialização, agroindustrialização, estejam preparados, isso vai precisar cada vez mais de diálogo com outros países, e estejam preparados para isso, Mato Grosso vai receber muitos investidores nos próximos anos, porém, nós temos que estar atentos, eles estão de olho em potenciais que nós temos, nós temos que investir nesse estado que tem um potencial tremendo, nesse país que tem um potencial tremendo, antes eu falei de todos os números, Marcelo, de Mato Grosso, e eu esqueci de falar de um detalhe de sustentabilidade, nós ocupamos apenas 14% do nosso território para produzir tudo isso de soja e milho. Entendeu? Então, olha o potencial de áreas de pastagem que nós temos para ser convertidas, e também dessa industrialização.

BRUNO MOTTA: É isso aí, pessoal. Mais um episódio do nosso podcast Raízes Ouro Verde. Esperamos que vocês tenham gostado da nossa conversa sobre a relevância do agronegócio e o apoio da Sicredi Ouro Verde. Continuem acompanhando os nossos episódios, e até a próxima!

CAMILA CARPENEDO: Até a próxima!

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